Fabrício Ângelo
No último dia 28 durante o "Encontro de Socialização em Sistemas
Agroflorestais" em Brasília, foi lançado pela Rebraf ( Instituto Rede
Brasileira Agroflorestal) , o Manual Agroflorestal para a Mata
Atlântica. Organizado pelos professores Jean Laurent Dubois, Guilherme
Floriani, Armin Deitenbach e Jorge Vivan, o manual foi elaborado a
partir dos resultados de diversos trabalhos coletivos que se
estabeleceram entre instituições sócio-ambientais atuantes no bioma.
Sistemas Agroflorestais
São sistemas de uso da terra nos quais espécies perenes lenhosas
(árvores, arbustos, palmeiras e bambus) são intencionalmente
utilizadas e manejadas em associação com cultivos agrícolas e/ou
animais. Um determinado consórcio pode ser chamado de agroflorestal na
condição de ter, entre as espécies componentes do consórcio, pelo
menos uma espécie tipicamente florestal, ou seja, uma espécie nativa
ou aclimatada, de porte arborescente ou arbustivo, encontrada em um
estado natural ou espontâneo, em florestas ou capoeiras.
Segundo o professor Jean Dubois, também conhecido como João da Mata
devido a grande experiência na área florestal, esse manual será um
instrumento de ajuda para o desenvolvimento de sistemas
agroflorestais. "É necessário mobilizar a população que vive na Mata
Atlântica demonstrando que é possível plantar e preservar
simultaneamente" , disse.
Armin Deitenbach , também um dos organizadores, falou que o livro tem
a intenção de convergir os olhares para os trabalhos e as diversas
experiências que deram certo e as que também tiveram erros. "Foram
muitas reuniões junto ao Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA),
onde deixamos claro a necessidade de se promover as práticas
agroflorestais como um sistema sustentável. Tivemos apoio de várias
instituições ambientais , como a RMA (Rede de Ongs da Mata Atlântica),
que se uniram a Rebraf e ajudaram durante as negociações", ressaltou.
O Manual Agroflorestal para a Mata Atlântica foi sistematizado e
editado pela Rebraf juntamente com a RMA e contém trabalhos acadêmicos
e experiências concretas desenvolvidas por agricultores e
agricultoras. O livro é dividido em quatro capítulos que abordam desde
o conceito de SIAF até a possibilidade de se gerar lucro com o sistema.
A coordenação dos trabalhos foi feita pelo professor Peter May ,
secretário executivo da Rebraf e o Técnico do MDA, Cássio Trovatto.
Para Cássio, o manual se transforma em um referencial daquilo que é
possível trazer de avanço na agroecologia. "É uma oportunidade de se
relacionar com o tema, multiplicando experiências. Sem dúvida essa é a
primeira de muitas edições, pois a intenção é aprimorar as informações
a cada ano", afirmou.
Trovatto ressaltou que esse tipo de instrumento é fundamental no
processo de disseminação da informação, e servirá como ferramenta para
um debate amplo para indicadores de agrosustentabilidad e.
Miriam Prochnow , representante da RMA, , disse que o manual é um
produto que foi gestado dentro de um Grupo de Trabalho de Atividades
Sustentáveis, e que várias Ongs ligadas a Mata Atlântica se esforçaram
para sistematizá-lo. "É uma contribuição para que os órgãos públicos e
proprietários rurais tenham uma ferramenta interessante na área
produtiva e ao mesmo tempo contempla ações de preservação da Mata
Atlântica", finalizou.
Mais informações podem ser obtidas na Rebraf pelo telefone (21)
2537-3029 ou e-mail: info@rebraf. org.br
A RMA
A Mata Atlântica é considerada Patrimônio Nacional pela Constituição
Federal. Inicialmente cobria 15% do território brasileiro. Hoje em
relação à área original do bioma, restam aproximadamente 8% de
remanescentes de vegetação primária. É considerado o segundo bioma
mais devastado
A Rede de Organizações Não Governamentais da Mata Atlântica (RMA) foi
criada em 1992 durante a Rio – 92 por 46 ONGS. Hoje são mais de 300
filiadas nos 17 estados onde o bioma está presente. A instituição tem
como objetivo a defesa, preservação, conservação e recuperação da Mata
Atlântica através da promoção de intercâmbio de informações de
mobilização, da ação política coordenada e do apoio mútuo entre as
instituições.
Fonte: Ascom RMA
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