domingo, 19 de abril de 2009

Unasul cobra de Obama o fim do bloqueio a Cuba


Os presidentes sul-americanos reiteraram, neste sábado (18), ao governante dos Estados Unidos, Barack Obama, a necessidade de avançar rumo à normalização das relações com Cuba, em reunião em Port of Spain antes de começarem, hoje, os debates da 5ª Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago. O presidente, contudo, procurou evitar o tema do bloqueio à ilha, mas se comprometeu a analisar o regresso de Cuba às cúpulas.



"Nesse sentido, Obama disse estar disposto a conversar com Cuba", disse Tabaré Vázsquez, presidente do Uruguai. Após se reunir com Obama, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim; a presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner; e o governante do Uruguai, Tabaré Vázquez, coincidiram no pedido feito ao líder dos Estados Unidos sobre Cuba como membros da União de Nações Sul-americanas (Unasul).

A questão cubana foi um dos pontos de reivindicação comuns que os governantes de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Guiana, Uruguai e Venezuela fizeram a Obama na reunião multilateral de hoje, confirmou Amorim.

Cuba é "um tema que está na cabeça de todo o mundo", disse o ministro brasileiro, que acrescentou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "foi muito enfático em relação a que todos têm a expectativa de que a relação com Cuba se normalize".

"O grande teste era um avanço em relação a Cuba. Acho que foi dado um passo pequeno na direção certa. Eu acho que, agora, em vez de estar discutindo os próximos passos, o que tem que haver é um diálogo direto", acrescentou Amorim em entrevista coletiva.

Segundo o chanceler, Lula disse hoje que "é muito difícil que haja uma nova Cúpula das Américas e que Cuba não esteja presente".

Já o presidente paraguaio, Fernando Lugo, defendeu que os cubanos merecem "uma reparação histórica" pelo que sofreram. Na mesma linha, foi o boliviano Evo Morales, que criticou duramente a exclusão de Cuba na cúpula.

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, destacou, por sua vez, que a reunião da Unasul serviu para fortalecer a "confiança em uma mudança da relação dos Estados Unidos com a América do Sul".

Por outro lado, a líder argentina destacou que "é hora de recuperar a confiança", e qualificou de "extremamente positiva" a reunião de Obama com os líderes da Unasul.
"Esperemos que, agora, todas estas coisas sobre as quais falamos se plasmem na realidade", acrescentou, após destacar que "é uma oportunidade histórica para mudar a História".

O presidente equetoriano, Rafael Correa, manifestou sua insatisfação com o documento final da Cúpula daa Américas, já vetado pelos membros da Alternativa Bolivariana para as Américas. Segundo ele, o texto peca pela omissão, já que não dá respostas à crise financeira global e esquece o caso de Cuba e questão migratória.

Amorim definiu a reunião com Obama como "muito cordial, muito construtiva". "Acho que a visão dos Estados Unidos está mudando. Aceitar que tenha que ter um diálogo com a Unasul, ouvindo cada um, é uma coisa muito nova, porque isso parte do preceito de que aceitam não só processos de integração econômica, mas processos de interlocução política", expressou.

Segundo o chanceler, se o ambiente da 5ª Cúpula das Américas é o que prevaleceu na reunião de Obama com os líderes sul-americanos, "vamos ver resultados positivos".

Cortesias entre Chávez e Obama

O ministro falou também sobre o pronunciamento do presidente venezuelano, Hugo Chávez, e disse que o líder "fez um discurso muito correto, muito baseado na esperança e voltado para o futuro".

Ele acrescentou que Obama "respondeu da mesma forma" ao discurso de Chávez, que, antes da reunião, deu ao líder americano um exemplar de "As Veias Abertas da América Latina", de Eduardo Galeano. O gesto é mais um sinal de uma possível aproximação entre os dois líderes, cujas presenças em Port of Spain, capital de Trinidad e Tobago, geravam expectativas quanto a um eventual enfrentamento de discursos.

Obama declarou que além de "muito o que aprender", tem "muita vontade de ouvir" os líderes da União de Nações Sul-americanas (Unasul).

Ontem, antes do início da sessão de abertura da Cúpula das Américas, ambos se cumprimentaram com um aperto de mãos e sorrisos. Dirigindo-se a Obama, Chávez afirmou que com a mesma mão, há 8 anos, havia cumprimentado George W. Bush. "Quero ser seu amigo", complementou.

O começo do encontro foi marcado por um tumulto envolvendo os jornalistas que tentavam entrar na sala. Na confusão, alguém acabou deixando o local às escuras, e Obama, brincando, perguntou: "Rapazes, quem apagou a luz?".

Com agências

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