quinta-feira, 4 de junho de 2009

PUC-SP: Relato do ato contra a Rede Globo e A repressão aos estudantes

Na quinta-feira, 28/5, no período da manhã, foi realizado na PUC-SP o Seminário Mídia e Liberdade de Expressão, organizado pela TV Globo e a direção da universidade por fora das instancias do curso de jornalismo, o Departamento e o Centro Acadêmico, dentro de uma lógica de disputa de espaço dentro da universidade, alem da política da Globo de se inserir dentro das escolas de comunicação.

Alguns estudantes que portavam cartazes foram retirados de dentro do auditório por funcionários da empresa de segurança Graber, a mando da assessoria de relações púbicas da TV Globo, por portarem alguns cartazes e faixas. Num grande bate-boca na porta do auditório, vários estudantes se aglomeraram em volta de nós até que veio a ordem da assessoria da Globo para que ninguém que estivesse perto de nós entrasse dentro do auditório. Nesse meio tempo, duas companheiras nossas conseguiram entrar junto com os panfletos preparados especialmente para o evento.

Durante a discussão, o professor Vico Mañas, vice-reitor da universidade, passou pelo grupo e disse que aquilo tudo era um mal entendido e que resolveria o caso. Mas, ao ver o panfleto denunciando a Globo, considerou depreciativo e desrespeitoso deu ordem para manter os estudantes barrados na porta. A professora da pós-graduação em semiótica Maria Inês Amarante veio em nosso apoio e exigiu a liberação da entrada do auditório, sem sucesso.

Nós só conseguimos passar quando uma companheira estudante, que estava dentro do Tucarena, pediu voz e falou no microfone em nome de todos os estudantes. O chefe de gabinete do reitor Claudio José Pereira afirmou que não sabia de nada e o global Ali Kamel, diretor de jornalismo da Globo, então autorizaram a entrada, dizendo que não tinha nada a ver com a história que acontecia lá fora. Nos distribuímos o panfleto que denunciava a ligação da TV Globo com a ditadura, manipulações editoriais, criminalização da pobreza e abuso da emissora nas concessões pública. Por mais de 70 minutos, Ali Kamel fez um monólogo respondendo ao nosso panfleto, chegando a dizer que nossa postura era um exemplo de controle social existente na democracia que evidencia a importância da Globo para a sociedade, e dizendo que a empresa teve erros sim no passado, todos humanos e cometidos por pessoas isoladas. Não vale a pena reproduzir aqui todas os argumentos que ele usou, mas foram gravados em vídeo e áudio e serão disponibilizados em breve, assim como a repressão dos seguranças contra a nossa liberdade de expressão. No final, fizemos uma entrevista coletiva com ele, com questionamentos sobre a concentração de mídia, a Confecom e a criminalização dos movimentos sociais, até que ele se esquivou e saiu pela tangente.

Segue em anexo o panfleto distribuído e alguns dos cartazes preparados. Agradeço em especial o apoio dos companheiros do Intervozes pelo empréstimo de material, e aos estudantes e professores que também foram barrados em nome da liberdade de expressão da Globo em nossa universidade, mas que creio não deve voltar tão cedo para cá depois desse ato.

Saudações a tod@s

Valério Paiva

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