quarta-feira, 1 de julho de 2009

Golpe militar hondurenho

Golpe militar hondurenho se torna cada vez mais repressivo.

O dia de hoje na capital hondurenha de Tegucigalpa foi marcado por forte repressão contra as mobilizações contra o golpe militar que se deu no país na madrugada do dia de ontem, domingo, 28 de junho.

Ao final da tarde de hoje, o governo golpista mandou seus efetivos fecharem os poucos veículos de comunicação que continuavam funcionando no país, principalmente os veículos internacionais que enviavam imagens desde Honduras para o resto do mundo. A equipe da televisora pública venezuelana Telesur foi detida pelos efetivos militares e para sua libertação foi necessária uma dura intervenção do embaixador de Venezuela em Honduras, que ainda se encontrava no país. O canal venezuelano é o único veículo internacional de comunicação que, desde o dia de ontem quando se deu o golpe. Além de Telesur, os poucos veículos independentes que continuavam informando a população hondurenha também foram fechados pelos militares, que alegaram questão de segurança o fechamento das televisoras. A jornalista da Telesur Adriana Sivori, assimcomo jornalistas da agência de notícias American Press (AP) foram detidos pelos militares e passaram por momentos difíceis em poder dos golpistas.

O presidente Manuel Zelaya, que atualmente se encontra na capital nicaragüense de Manágua, disse hoje que irá a Honduras na próxima quinta-feira junto à comissão da OEA que visitará o país neste dia.

Com uma população completamente desarmada, ficou fácil para o governo militar reprimisse as manifestações que ocuparam as ruas de Tegucigalpa, provocando duas mortes, inúmeros de feridos e vários desaparecidos; muitos destes dirigentes de movimentos sociais. As mobilizações cumprem o plano de atividades dos movimentos sociais que pararam o país com uma greve geral sem duração prevista, segundo alguns dirigentes, até o retorno definitivo do presidente Manuel Zelaya a suas funções de chefe de estado de Honduras.

Muito importante também dizer da cobertura que alguns meios de comunicação privados do mundo têm divulgado informações falsas sobre os ocorridos em Honduras desde ontem. Muitos desses veículos, com o objetivo de deslegitimas o presidente democraticamente eleito Manuel Zelaya reportam que o golpe militar acontece diante da tentativa do presidente Zelaya de aprovar no domingo sua reeleição como presidente da república. Sendo que a consulta que se daria no domingo se tratava apenas de uma pesquisa de opinião popular para saber da aprovação da população sobre a possibilidade de se convocar uma assembléia constituinte. É importante dizer que a consulta não teria nenhum caráter aprobatório, e não dizia da reeleição do presidente, senão que a possibilidade de uma reforma da constituição hondurenha.

Pela tarde, a Secretária de Estado norte-americano Hilary Clinton deu uma declaração dizendo que os Estados Unidos seguiriam com o compromisso de cooperação econômica com o governo hondurenho, e que o presidente Zelaya forçou toda a situação que ocorre em Honduras, ao insistir na convocação da consulta cidadã que ocorreria no domingo. Apesar de que pouco depois o presidente estadunidense Barack Obama tenha dado declarações de não reconhecimento a qualquer governos que não seja do presidente democraticamente eleito Manuel Zelaya, as declarações prévias da Secretária de Estado, demonstram que jamais estaremos enganados quando relacionamos os Estados Unidos com as intervenções fascistas de grupos militares de direita na região latino-americana, como o foi na Bolívia no ano passado, Venezuela em 2002, ou mesmo durante todos os sangrentosanos de ditadura militar em nossos países durante algumas décadas atrás.

No dia de hoje, várias reuniões se sucederam na capital nicaragüense de Manágua onde presidentes de todo o continente rechaçaram o golpe militar em Honduras e exigiram a restituição do presidente Manuel Zelaya no desempenho de suas funções como presidente do país centro-americano. Os presidentes dos países membros do ALBA [UTF-8?]– Alternativa Bolivariana para os povos das Américas, também de SICA [UTF-8?]– Sistema de Integração Centro Americana, Grupo do Rio, e convidados como o secretário geral da OEA José Miguel Insulza, permanecem na Nicarágua discutindo as medidas que serão tomadas no sentido de reverter a situação de golpe. O secretário da OEA também viajará a Honduras nesta quinta-feira, quando deve acompanhá-lo o presidente deposto Manuel Zelaya.

Também os países do ALBA decidiram por unanimidade retirar seus embaixadores de Honduras, assim como não reconhecer nenhum funcionário do poder público hondurenho que não faça parte do governo legitimamente eleito de Manuel Zelaya.

Mais informações pelos sites:

www.telesurtv. net

www.aporrea. org

www.albatv.org

Leonardo Fernandes,

Caracas/Venezuela, 29 de junho de 2009.

2º dia do golpe Militar em Honduras.

2º dia do golpe Militar em Honduras.

Desde as primeiras horas do dia os canais públicos de televisão da Venezuela, principalmente o canal intercontinental Telesur, vem enviando informações desde Honduras ao vivo sobre a situação política no país centro-americano.

Há pouco tempo, a Telesur denunciou o cerceamento do trabalho da imprensa no país. Um grande número de veículos de imprensa forma tomados pelo exército golpista ou mesmo fechados deliberadamente e os únicos meios que continuam funcionando são os meios privados que somente reproduzem desenhos animados e programas de entretenimento.

A Telesur também divulgou imagem das mobilizações populares que estão ocorrendo neste momento em Tegucigalpa, capital hondurenha. Frente à greve geral convocada pelos sindicatos e movimentos sociais de todo o país, e o fechamento de vias na capital, o governo golpista mantém todo o país, principalmente a região onde se concentra o poder do país, fortemente militarizado, endurecendo ainda mais o cerco militar e a repressão no país.

Desde que lograram o golpe militar na manhã de ontem, domingo, os militares que detém o poder em Honduras deram uma série de declarações condenando a relação do presidente democraticamente Manuel Zelaya com presidentes sul-americanos como Fidel Castro e Hugo Chávez Fríaz.

A ministra de Relações Exteriores de Honduras, Patrícia Rodas, seqüestrada pelos militares na manhã do dia de ontem, foi trasladada para o México com vida, depois de horas sob poder das forças repressivas. A ministra se dirige hoje para Manágua, capital da Nicarágua para assistir junto ao presidente Manuel Zelaya à reunião do SICA [UTF-8?]– Sistema de Integração Centro-americana.

Ainda hoje, se está sendo realizada uma nova reunião entre os países membros da Alternativa Bolivariana para as Américas [UTF-8?]– ALBA [UTF-8?]– também em Manágua pelo segundo dia consecutivo.

Também foi convocada uma reunião de emergência do Grupo do Rio, numa articulação para envolver a governos que não fazem parte nem do ALBA, nem do SICA, como Brasil, Chile, Argentina, ambos que já manifestaram seu rechaço ao golpe militar em Honduras.

As mobilizações populares seguem fortemente nos mediações do palácio presidencial na capital Tegucigalpa, e em resposta, um grande efetivo militar protege o palácio do governo e se prepara para a reação, que no dia de hoje, demonstra ser mais forte do que no primeiro dia de golpe.

Leonardo Fernandes

Caracas/Venezuela, 29 de junho de 2009.

Assunto: Eva Golinger: O primeiro golpe de Estado de Obama

O primeiro golpe de Estado de Obama

Eva Golinger

[Nota: Nesse momentos são 11:15 da manhã, horário de Caracas. Manuel Zelaya, presidente de Honduras, está falando ao vivo na Telesur, desde San José (Costa Rica). Confirma que esta madrugada alguns soldados entraram abrindo fogo em sua residência e ameaçaram de morte a ele e sua família, si se opusera ao golpe de Estado. Se viu obrigado a acompanhar aos soldados, que o transportaram a uma base aérea, de onde voou a Costa Rica. Solicitou que o governo dos Estados Unidos emita um comunicado em que se condene o golpe, pois o contrário significaria sua relação com o mesmo.]

Caracas (Venezuela). [UTF-8?]– A mensagem de texto que chegou no meu celular esta manhã dizia assim: [UTF-8?]“Alerta, Zelaya foi seqüestrado, golpe de Estado em marcha em Honduras. [UTF-8?]Divulgue.â€� Foi um duro despertar em um domingo pela manhã, sobretudo para os milhões de hondurenhos que se estavam preparando para exercer, pela primeira vez, seu sagrado direito ao voto em um referendo consultivo sobre a convocatória de uma Assembléia Constituinte para reformar a Constituição. Supostamente, a disputa se contra no referendo convocado para hoje, que não é vinculante, senão apenas uma pesquisa de opinião para determinar si uma maioria de hondurenhos desejam, ou não, que se inicie um processo para modificar a Constituição.

Uma iniciativa deste tipo nunca teve lugar nessa nação centro-americana, cuja constituição é tão limitada que somente permite uma mínima participação do povo hondurenho em seus processos políticos. Tal constituição, redigida em 1982, no momento auge da guerra suja do governo de Reagan em centro - américa, foi desenhada para instituir aqueles que detinham o poder tanto econômico como político pudessem mantê-lo com mínimas interferências do povo. Zelaya, eleito em novembro de 2005 pela plataforma do Partido Liberal de Honduras, havia proposto a pesquisa de opinião para determinar si a maioria dos cidadãos estavam de acordo em que era necessária uma reforma constitucional. Sua proposta foi apoiada pela maioria dos sindicatos e movimentos sociais do país. Dependo desses resultados, seria organizado um referendo durante as próximas eleiçõesde novembro para votar sobre a convocatória de uma Assembléia Constituinte, mas a pesquisa prevista para hoje não era vinculante, quer dizer, n
ão tinha caráter aprobatório, de acordo com a lei.

De fato, vários dias antes do previsto para o referendo, a Corte Suprema de Honduras declarou ilegal a petição do Congresso. É preciso sinalar que ambos, Congresso e Corte Suprema, estão controlados por maiorias contraria a Zelaya e por membros do ultraconservador Partido Nacional de Honduras (PNH). A ilegalidade deu lugar a manifestações massivas favoráveis ao presidente Zelaya. No dia 24 de junho, o presidente destituiu ao chefe do alto mando militar, o general Romeo Vásquez, depois que este se negou a permitir que os militares distribuíssem o material eleitoral para a consulta de hoje. O general Vásquez, manteve o material sob estrito controle militar e se negou a distribuí-lo, inclusive aos seguidores do presidente, com a desculpa de que a Corte Suprema havia declarado ilegal a consulta prevista e, portanto, não podia obedecer a ordempresidencial. Igualmente ao que sucede nos Estados Unidos, o presidente de Honduras é que somente o comandante em chefe tem a última palavra
em qualquer ação militar, pelo que se ordenou a destituição do general. Ángel Edmundo Orellana, ministro de Defesa, também foi demitido como resposta a esta situação que estava cada vez mais tensa.

No dia seguinte, a Corte Suprema de Honduras restituiu em suas funções ao general Vásquez, ao declarar [UTF-8?]“inconstitucionalâ€� sua destituição. Milhares de hondurenhos saíram às ruas de Tegucigalpa, capital do país, em apoio ao presidente Zelaya, como mostra de sua determinação de assegurar que a consulta não vinculante pudesse acontecer. Na sexta-feira passada, o presidente e um grupo de centenas de seguidores, marcharam até a base aérea para recuperar o material eleitoral previamente seqüestrado pelos militares. Aquela noite, Zelaya realizou uma conferencia de imprensa nacional junto a um grupo de políticos de diferentes partidos e movimentos sociais, na qual se fez um chamado à paz e à unidade no país.

Ontem, sábado, se informou que a situação em Honduras era tranqüila. No entanto, na madrugado de hoje, domingo, um grupo de aproximadamente sessenta militares armados assaltaram à residência presidencial e tomaram Zelaya como refém. Depois de várias horas de confusão, começaram a filtrar informações segundo as quais o presidente foi transportado para uma base aérea e levado para a vizinha Costa Rica. Até o momento não existem imagens do presidente e se desconhece si sua vida está em perigo.

Por volta das 10 da manhã , horário de Caracas, Xiomara Castro de Zelaya, esposa do presidente, denunciou ao vido em Telesur que na madrugada do domingo, os soldados invadiram sua residência disparando, bateram no presidente e o seqüestraram.

[UTF-8?]“Foi um ato [UTF-8?]covardeâ€�, disse a primeira dama referindo-se ao seqüestro, que se deu em uma hora em que ninguém podia reagir. Castro de Zelaya fez também um chamado para que mantivessem com vida a seu marido e indicou que inclusive ela desconhecia seu paradeiro. Acrescentou que suas vidas seguem em [UTF-8?]“grave [UTF-8?]perigoâ€� e pediu que a comunidade internacional denunciasse este golpe de Estado e atuasse com rapidez para reinstalar a ordem constitucional do país, o qual inclui o resgate e regresso do democraticamente eleito Zelaya.

Evo Morales e Hugo Chavez, presidentes de Bolívia e Venezuela, realizaram declarações públicas na manhã deste domingo, nas quais condenaram o golpe de Estado em Honduras e fizeram um chamado para que a comunidade internacional reaja, no sentido de restaurar a democracia e que regresse ao seu posto o presidente constitucional. Na quarta-feira passada, 24 de junho, aconteceu na Venezuela um encontro extraordinário dos países membros do ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas) , da qual forma parte Honduras, com o fim de dar boas vindas à organização a Equador, Antigua, Barbados, San Vicente e Granadinas. Durante o encontro, ao qual participou Patrícia Rodas, ministra de Relações Exteriores de Honduras, foi lida uma declaração de apoio ao presidente Zelaya na qual se condenava qualquer tentativa de impedir seu mandato e o processodemocrá tico de Honduras.

Informes provenientes de Honduras estabelecem que o Canal 8 da televisão pública foi tomada pelas forças golpistas. Há poucos minutos Telesur anunciou que os militares hondurenhos estão cortando a eletricidade do país. Segundo informou a Ministra Rodas em Telesur: [UTF-8?]“ A comunicação telefônica e a eletricidade estão cortadas. As televisoras emitem desenhos animados e telenovelas e não informam ao povo de Honduras o que está sucedendo. [UTF-8?]“ A situação é muito parecida ao golpe de Estado de abril de 2002 contra o presidente Chavez na Venezuela, quando os meios desempenharam um papel chave, em primeiro lugar manipulando a informação como apoio ao golpe e, posteriormente, eliminando qualquer informação, uma vez que o povo começou manifestar-se e terminou por derrotar as forças golpistas regatando Chavez, que também foiseqüestrado pelos militares, e restaurando a ordem constitucional.

Honduras é uma nação que foi vítima no século passado de ditaduras e múltiples intervenções dos Estados Unidos, entre elas várias invasões militares. A última intervenção importante do governo estadunidense em Honduras aconteceu durante os anos oitenta, quando o governo de Reagan financiou esquadrões da morte e paramilitares com o fim de eliminar qualquer [UTF-8?]“ameaça [UTF-8?]comunistaâ€� em centro-américa. Naquele momento, John Negroponte era o embaixador estadunidense ante ao governo de Honduras e foi o responsável direto do financiamento e treinamento dos esquadrões da morte hondurenhos que assassinaram e desapareceram com milhares de cidadãos na região.

Na sexta-feira passada, a Organização de Estados Americanos (OEA) convocou uma reunião extraordinária com o fim de discutir a situação em Honduras. Posteriormente se emitiu um comunicado no qual condenou as ameaças à democracia e autorizou a viajem a Honduras de um grupo de representantes da OEA. Não obstante, na sexta-feira, Philip J Crowley, secretário de Estado adjunto estadunidense, se negou a definir posição do governo estadunidense com respeito ao possível golpe de Estado contra o presidente Zelaya e, em seu luar, emitiu uma ambígua declaração na qual declarava que Washington apoiava a posição do presidente Zelaya. Enquanto que a maioria dos governos latino-americanos declararam sem nenhum gênero de dúvida sua mais rotunda condenação dos planos golpistas de Honduras e seu contundente apoio ao presidenteconstituc ionalmente eleito, o porta-voz estadunidense anunciou: [UTF-8?]“Nos preocupa a ruptura do diálogo político entre os políticos hondurenhos sobre a consulta con
stitucional de 28 de junho. Instamos às partes a que busquem uma solução democraticamente consensuada ao atual beco sem saída político, que seja conforme a constituição e as leis hondurenhas referentes aos princípios da Carta Democrática [UTF-8?]Inter- america.â€�

Hoje, domingo, às dez e meia da manhã, Washington ainda não emitiu nenhuma declaração relativa ao golpe de Estado em Honduras. A nação centro-americana é muito dependente da economia estadunidense, que lhe assegura uma das principais fontes de ingressos, as transferências de dinheiro que enviam os hondurenhos que trabalham nos Estados Unidos sob o programa de [UTF-8?]“estatuto temporal [UTF-8?]protegidoâ€�, instaurado durante a guerra suja de Washington na década de 80 por causa da enorme imigração a território estadunidense para escapara da zona de guerra. Outra fonte importante de ingressos de Honduras é USAID, que injeta mais de 50 milhões de dólares anuais para programas de [UTF-8?]“promoção à [UTF-8?]democraciaâ€�, os quais habitualmente dão apoio a ONG e os partidos políticos favoráveis ao interesses dos Estados Unidos, como foi o caso na Venezuela, Bolívia eoutras nações da região. O Pentágono também mantém a base militar de Soto Cano em Honduras, com aproximadam
ente 500 soldados e numerosos aviões e helicópteros de combate.

Patrícia Rodas, ministra de Relações Exteriores, disse que tentou repetidamente entrar em contato com Hugo Llorens, embaixador dos Estados Unidos em Honduras, mas até o momento não havia respondido a nenhuma de suas chamadas. O modus operandi do golpe de Estado deixa bem claro que Washington está implicado. Nem o exército hondurenho, cuja maioria foi treinada pelas forças estadunidenses, em as elites políticas e econômicas do país derrocariam a um presidente democraticamente eleito sem o apoio e respaldo de Washington. As forças conservadoras de Honduras submetem ao presidente Zelaya a ataques cada vez mais freqüentes por sua crescente relação com os países do ALBA, em particular com Venezuela e o presidente Chavez. Muitos estão convencidos de que este golpe pretende assegurar que Honduras não seguirá aproximando- se dos países maisesquerdistas e socialistas da América Latina.


Golpe Militar em Honduras.

Na madrugada deste domingo o presidente democraticamente eleito em Honduras, Manuel Zelaya sofreu um golpe de estado por parte de uma cúpula de militares das Forças Armadas Hondurenhas.

O presidente Zelaya, depois de ser seqüestrado dentro de sua residência, foi trasladado para São José, Costa Rica, onde permanece. O golpe de estado aconteceu no dia em que ocorreria uma consulta popular sem caráter deliberativo para respaldar uma convocatória a uma assembléia constituinte junto com as eleições presidenciais que deveriam ocorrer no final do ano corrente.

O presidente Manuel Zelaya desde eleito promoveu um diálogo próximo ao grupo do ALBA [UTF-8?]– Alternativa Bolivariana para as Américas, que envolve presidente alguns presidentes com posições de esquerda na América Latina, como Cuba, Nicarágua, Bolívia, Equador, entre outros. O projeto que prevê acordos de cooperação mútua entre países do continente, agrega em sua carta de princípios a promoção da democracia participativa, principal bandeira do projeto bolivariano da Venezuela. Por essa razão, o presidente Hondurenho Manuel Zelaya havia convocado uma consulta popular, com único caráter consultivo, para saber da aprovação popular pela convocatória de uma assembléia constituinte para aprovação de uma nova Carta Magna para o país centro-americano.

Logo nas primeiras horas desse domingo, o presidente Zelaya fez contato com o canal de televisão Telesur, desde Costa Rica, onde foi resguardado pelo governo deste país, que mais tarde, assim como a grande maioria dos países Americanos, condenou o golpe militar em contra do presidente democraticamente eleito.

Pouco tempo depois, a Ministra de Relações Exteriores Patricia Rodas também se pronunciou por meio da Telesur, relatando a brutalidade de como se deu a intervenção militar no processo democrático do país. Quando ainda fazia contato com o canal de televisão, a Ministra foi seqüestrada assim como os embaixadores de Cuba, Venezuela e Nicarágua por um grupo de militares encapuzados em suas residências na capital hondurenha, Tegucigualpa. Os seqüestrados foram levados de forma violentados pelos militares e a Ministra Patricia Rodas permanece desaparecida, assim como vários outros seqüestrados pelos golpistas durante todo o dia. Os meios públicos de comunicação da Venezuela também denunciaram que vários ministros do governo de Manuel Zelaya foram detidos pelas forças armadas, assim como líderes demovimentos sociais que levam milhares de manifestantes às ruas em Honduras.

O presidente da Venezuela Hugo Chávez Fríaz se pronunciou ainda pela manhã deste domingo, rechaçando a intervenção militar em Honduras e disse que a reação em contra esse golpe deve vir de dentro e fora do país, indicando que através se iniciaria uma articulação para a reação contra a situação política que vive o povo hondurenho. Durante todo o dia, outros chefes de estado também se pronunciaram em rechaço ao golpe de militar, como o presidente da Bolívia Evo Morales, da Nicarágua Daniel Ortega, de El Salvador Mauricio Funes , do Brasil Luis Inácio da Silva e Cristina Fernández da Argentina, entre muitos outros.

Durante todo o dia, houveram manifestações em diversas partes do país centro americano, principalmente na capital Tegucigualpa. Na Venezuela, milhares de pessoas se concentraram em frente ao Palácio de Miraflores para manifestar solidariedade e apoio ao povo hondurenho na resistência contra o golpe militar da extrema direita hondurenha, pela restituição do presidente democraticamente eleito, Manuel Zelaya e respeito à vontade popular.

Desde Venezuela, abriu-se uma discussão importante sobre a situação em Honduras. O avanço de uma direita golpista frente ao estabelecimento de uma nova concepção de democracia participativa e fortalecimento de movimentos sociais de esquerda na região latino-americana. Tal avanço reflete em uma necessidade da classe burguesa desses países em manter-se em posição de combate às políticas que vêem sendo tomadas através de mecanismos como o ALBA, da qual já fazia parte Honduras.

Ao fim do dia, o presidente do Congresso Nacional, nomeado presidente da República de Honduras, depois do golpe militar desta manhã, Roberto Micheletti, deu a primeira coletiva de imprensa negando que havia ocorrido um golpe de estado no país, dizendo que somente se havia cumprido normas constitucionais, que ocorreram de maneira violenta e sem qualquer respaldo além de dos grupos políticos golpistas hondurenhos e de alguns meios de comunicação privados do país. Micheletti foi nomeado presidente da república depois que o Congresso Nacional exibiu uma carta de renúncia do presidente Manuel Zelaya, com uma assinatura mais tarde comparada pelos meios públicos venezuelanos com a assinatura verdadeira do presidente hondurenho. Além disso, o próprio Zelaya, desde Costa Rica, desmentiu a suposta carta renúncia. Aofim do dia, Micheletti anunciou um toque de recolher de 24 horas, mas os manifestantes que continuaram nas ruas se negam a respeitá-lo.

Muito parecido ao que ocorreu durante os dias de abril de 2002 em Venezuela, quando depuseram o presidente Hugo Chavez durante três dias por meio de um golpe militar, o canal estatal foi tomado pelos militares logo nos primeiros minutos do dia, assim como diversos outros veículos de comunicação do país. Os canais privados estiveram durante todo o dia exibindo desenhos animados e programas de entretenimento, vedando o cerco midiático no país. Ainda assim, alguns veículos funcionaram dentro da clandestinidade mandando e recebendo informações para outros países. Assim mesmo, esses veículos tiveram muitas dificuldades para a transmissão de informações devido ao corte de energia elétrica em todo país denunciado pelo presidente Zelaya desde Costa Rica. Em Venezuela também, os meios de comunicação privadospromoveram uma cobertura pro golpista, contra a postura do presidente venezuelano que disse ao fim do dia: [UTF-8?]“esse governo golpista, o [UTF-8?]derrocaremo sâ€�.

Durante o dia, o conselho de embaixadores da OEA [UTF-8?]– Organização de Estados Americanos [UTF-8?]– se reuniu e condenou enfaticamente o golpe de estado, militar, ocorrido em Honduras neste domingo. E convocou uma reunião para a próxima terça-feira 30, para determinar ações em contra ao governo golpista, que segundo esse mesmo conselho, não será reconhecido por essa organização.

Para o mesmo domingo, pela noite, foi convocada uma reunião com caráter de urgência em Manágua, na Nicarágua, entre os países que compõem a ALBA, para determinar as ações em favor da restituição de Manuel Zelaya como presidente de Honduras. As organizações sociais de esquerda hondurenhas chamaram à greve geral e à mobilização popular, que no dia de amanhã deve continuar, com fechamento de estradas e outras atividades por todo o país.

O presidente Chávez garantiu uma articulação para reverter o golpe de estado neste domingo em Honduras. Muitas coisas estão em jogo. O avanço da direita através de governos militares nos países latino-americanos frente a um fortalecimento de governos progressistas na região, uma possível repetição histórica do que ocorreu na região durante as décadas de 60 e 70.

Ainda com um pronunciamento contra os ocorridos em Honduras por parte do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, muito se conhece da história de intervenção norte-americana nos países do sul, bastante justificada pela atual crise econômica que vive o capitalismo, e conseqüentemente crise da economia dos Estados Unidos.

A crise política em Honduras, provocada por setores das Forças Armadas desse país, representa, portanto, mais uma intervenção dos setores da burguesia em países latino-americanos, como os que ocorreram nos últimos anos em Venezuela, em 2002 e na Bolívia, no ano passado, ambos fracassados.

Alguns links para seguir acompanhando os fatos em Honduras nesse domingo, 28 de junho.

www.telesurtv. net

www.aporrea. org

www.radioglobohondu ras.com rádio clandestina hondurenha que segue com dificuldades enviando informações para fora do país.

Leonardo Fernandes.

Caracas/Venezuela, 28 de junho de 2009.

Leonardo Fernandes,

Caracas/Venezuela, 28 de junho de 2009.

--
Um outro mundo é possível. um outro brasil é necessário!

Nenhum comentário: