Somos os povos das florestas, dos
rios, das chuvas, dos povoados, das aldeias, das cidades, dos quilombos, dos
assentamentos. Somos muitas vozes fazendo o mesmo chamado: é preciso deter a máquina que empurra o planeta e a humanidade para o
abismo. Dar fim ao sistema que transforma a natureza e as pessoas em mercadoria
e sobrevive às custas da exploração e humilhação de bilhões de seres humanos.
Dizemos que é tempo de libertar o trabalho e a imaginação para reinventar a
Terra, e fazer dela a casa comum onde todos vivam com justiça e liberdade.
Condenamos os projetos de grandes
usinas hidrelétricas como alternativas de “energia limpa”, como é o caso do
projeto de construção da UHE de Belo Monte sobre o Rio Xingu. O discurso
utilizado para legitimar projetos de construção de barragens considera apenas o
gás metano emitido na superfície do lago, sem sequer mencionar as emissões das
turbinas e vertedouros. Esta é uma
distorção ainda mais grave no caso de Belo Monte, uma vez que, do modo
como está planejado o projeto, haverá um grande volume de água passando pelas
turbinas, o que leva a uma maior emissão de gases.
A energia que será gerada em Belo Monte atenderá, sobretudo, à
demanda de grandes empresas eletro-intensivas, que historicamente sempre
contribuíram para a destruição da Amazônia, em nome do saqueio e da exportação
de nossos recursos naturais. A construção de Belo Monte atingirá 18 aldeias
indígenas, e representa uma ameaça ao modo de vida dos povos originários e das
populações tradicionais da Amazônia, verdadeiros interessados na preservação da
floresta, e de suas culturas ancestrais.
Não entendemos como a FUNAI,
órgão constituído a nível do Governo Federal para reforçar a cidadania
indígena, pode aprovar o projeto Belo Monte enquanto que centenas de lideres
dos Kayapós, nas cabeceiras do Rio Xingu, ainda ao fim deste mês de outubro de
2009, estarão realizando uma grande assembléia rejeitando o projeto.
Pautado nestes elementos o Comitê
Metropolitano do Movimento Xingu Vivo para Sempre vem a público denunciar e
repudiar o parecer técnico emitido pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI) que,
em relação à avaliação do componente indígena dos estudos de impacto ambiental
da UHE Belo Monte, considera o empreendimento viável. A análise apurada deste
parecer, com a participação de 31 especialistas de renome nacional e
internacional, demonstra facilmente sua fragilidade e inconsistência, deixando
clara que a única intenção do governo federal é de cumprir as exigências legais
e empurrar “goela abaixo” a hidrelétrica de Belo Monte, sem considerar o
impacto mortal na vida das populações que serão atingidas diretamente.
Desenvolvimento pra quem?
Por isso gritamos.
“BELO MONSTRO” NÃO
VIVA A RESISTENCIA
DOS POVOS DA FLORESTA
VIVA A ALIANÇA ENTRE
O CAMPO E A CIDADE
VIVA O RIO XINGU, VIVO
PARA SEMPRE
Belém, 24 de outubro de 2009
Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo para Sempre: FUNDO
DEMA, FASE, FAOR, FSPA, IAMAS, IAGUA, APACC, CPT, SDDH, MST, SINTSEP, DCE/UFPA,
MLC, GMB/FMAP, UNIPOP, ABONG, CIMI, MANA-MANI, COMITÊ DOROTHY, FUNDAÇÃO TOCAIA,
MHF/NRP, REJUMA.
Marquinho Mota
Assessor de Comunicação - Rede FAOR
(91) 32614334 - FAORAssessor de Comunicação - Rede FAOR
(91) 8268 4457 - Belém
(93) 9142 4472 - Santarém
Pai da Iamã, da Anuã e do Iroy
Assessoria à Rádios Comunitárias
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