quinta-feira, 29 de outubro de 2009

MOÇÃO DE REPUDIO AO PARECER TÉCNICO EMITIDO PELA FUNAI


Somos os povos das florestas, dos rios, das chuvas, dos povoados, das aldeias, das cidades, dos quilombos, dos assentamentos. Somos muitas vozes fazendo o mesmo chamado: é preciso deter a máquina que empurra o planeta e a humanidade para o abismo. Dar fim ao sistema que transforma a natureza e as pessoas em mercadoria e sobrevive às custas da exploração e humilhação de bilhões de seres humanos. Dizemos que é tempo de libertar o trabalho e a imaginação para reinventar a Terra, e fazer dela a casa comum onde todos vivam com justiça e liberdade.

Condenamos os projetos de grandes usinas hidrelétricas como alternativas de “energia limpa”, como é o caso do projeto de construção da UHE de Belo Monte sobre o Rio Xingu. O discurso utilizado para legitimar projetos de construção de barragens considera apenas o gás metano emitido na superfície do lago, sem sequer mencionar as emissões das turbinas e vertedouros. Esta é uma distorção ainda mais grave no caso de Belo Monte, uma vez que, do modo como está planejado o projeto, haverá um grande volume de água passando pelas turbinas, o que leva a uma maior emissão de gases.

A energia que será gerada em Belo Monte atenderá, sobretudo, à demanda de grandes empresas eletro-intensivas, que historicamente sempre contribuíram para a destruição da Amazônia, em nome do saqueio e da exportação de nossos recursos naturais. A construção de Belo Monte atingirá 18 aldeias indígenas, e representa uma ameaça ao modo de vida dos povos originários e das populações tradicionais da Amazônia, verdadeiros interessados na preservação da floresta, e de suas culturas ancestrais.

Não entendemos como a FUNAI, órgão constituído a nível do Governo Federal para reforçar a cidadania indígena, pode aprovar o projeto Belo Monte enquanto que centenas de lideres dos Kayapós, nas cabeceiras do Rio Xingu, ainda ao fim deste mês de outubro de 2009, estarão realizando uma grande assembléia rejeitando o projeto.

Pautado nestes elementos o Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo para Sempre vem a público denunciar e repudiar o parecer técnico emitido pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI) que, em relação à avaliação do componente indígena dos estudos de impacto ambiental da UHE Belo Monte, considera o empreendimento viável. A análise apurada deste parecer, com a participação de 31 especialistas de renome nacional e internacional, demonstra facilmente sua fragilidade e inconsistência, deixando clara que a única intenção do governo federal é de cumprir as exigências legais e empurrar “goela abaixo” a hidrelétrica de Belo Monte, sem considerar o impacto mortal na vida das populações que serão atingidas diretamente. Desenvolvimento pra quem?

Por isso gritamos.

“BELO MONSTRO” NÃO
VIVA A RESISTENCIA DOS POVOS DA FLORESTA
VIVA A ALIANÇA ENTRE O CAMPO E A CIDADE
VIVA O RIO XINGU, VIVO PARA SEMPRE

Belém, 24 de outubro de 2009

Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo para Sempre: FUNDO DEMA, FASE, FAOR, FSPA, IAMAS, IAGUA, APACC, CPT, SDDH, MST, SINTSEP, DCE/UFPA, MLC, GMB/FMAP, UNIPOP, ABONG, CIMI, MANA-MANI, COMITÊ DOROTHY, FUNDAÇÃO TOCAIA, MHF/NRP, REJUMA.

Marquinho Mota
Assessor de Comunicação - Rede FAOR
(91) 32614334 - FAOR
(91) 8268 4457 - Belém
(93) 9142 4472 - Santarém
Pai da Iamã, da Anuã e do Iroy
Assessoria à Rádios Comunitárias

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