Proposta de ministro reduz controle sobre rádios e TVs
ELVIRA LOBATO
da Folha de S.Paulo, no Rio
Um
projeto de lei de autoria do ministro das Comunicações, Hélio Costa,
propõe diminuir o controle do Estado e do Congresso sobre a venda de
emissoras de rádio e TV. O projeto seria votado ontem na Comissão de
Constituição e Justiça do Senado, mas a votação foi adiada para a
semana que vem.
Ele
propõe que as rádios com potência de até 50 KW e as emissoras de TV que
não são cabeças de rede possam ser vendidas sem autorização prévia do
Poder Executivo e do Congresso, desde que não possuam acionista
estrangeiro.
As
emissoras teriam apenas que comunicar a troca de controle ao Executivo,
no prazo de 45 dias a contar do registro da venda na junta comercial ou
no cartório de pessoa jurídica.
Segundo
empresários do setor, mais de 80% das emissoras de rádio do país têm
potência inferior a 50 KW, o que significa que poucas continuarão sob o
controle do governo.
Uma
das restrições à proposta está em que a legislação impõe limites à
concentração de propriedade de rádio e TV. Para especialistas, o
projeto reduz o poder do governo de fiscalizar.
Desde
1962, é obrigatória a autorização prévia do presidente da República
para a venda do controle acionário de emissoras de TV e a do ministro
das Comunicações para a venda de rádios. A partir de 1988, tornou-se
obrigatória também a aprovação prévia pela Câmara e pelo Senado.
O
projeto de Costa prevê que empresas que mudaram de controle acionário
sem a aprovação prévia possam regularizar a situação, sem penalidade.
Costa
apresentou o projeto em 2005, como senador, e logo depois assumiu o
cargo de ministro. Em 2006, o projeto foi aprovado pela Comissão de
Educação do Senado, onde o relator foi Edison Lobão, atual ministro das
Minas e Energia, cuja família é proprietária de rádios e TV no Maranhão.
O
projeto tramitou no Senado, sem chamar a atenção, até entrar na pauta
da CCJ, onde seu relator é o senador Antônio Carlos Magalhães Júnior
(DEM-BA), acionista da TV Bahia, afiliada da Globo, e defensor do
projeto de Hélio Costa.
Costa
afirmou que continua defensor do projeto. Na exposição de motivos
enviada ao Senado, alegou que a regulamentação da radiodifusão é da
década de 60 e não condiz mais com as necessidades do setor.
A
proposta defende ainda que as empresas sejam desobrigadas de enviar
anualmente ao governo o comprovante de seu quadro societário.
Segundo
a Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e de Televisão),
a proposta tem prós e contras. “Reduz a burocracia, mas pode propiciar
negociações em desacordo com a lei.” Para a organização
não-governamental Coletivo Intervozes, o projeto diminui o poder do
Congresso de fiscalizar a radiodifusão, anistia empresas que mudaram de
dono ilegalmente e reduz a transparência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário