terça-feira, 3 de novembro de 2009

Sem renda oficial suficiente, Aécio compra, por R$ 12 milhões, apartamento que pertenceu a seu avô Tancredo

Ex-assessor de Tancredo se assusta ao folhear relatório sobre o
crescimento patrimonial do atual governador de Minas Gerais e afirma:
“Quem diria, aquele jovem vindo do Rio de Janeiro, após a eleição de
seu avô ao governo de Minas em 1982, trazendo em sua mochila bermudas
e camisetas. Seu primeiro terno foi comprado pronto na Mesbla, com
recursos de seu avô”.

Esta realidade assusta não só aos
ex-assessores de Tancredo, mas a todos que conhecem a história de
Aécio Neves.

Jamais exerceu qualquer atividade empresarial, comercial ou industrial.
Desde 1983 exerceu apenas cargo público, ou seja, recebeu salário,
primeiro no governo de Minas como assessor de seu avô, depois diretor
de loterias na Caixa Econômica Federal e deputado federal por quatro
mandatos, até ser governador de Minas.

Em 2006, após seu
primeiro mandato de governador, seu patrimônio já gerava desconfiança.
Porém o crescimento após 2006 ultrapassa qualquer explicação. A não
ser que o governador tenha ganhado três prêmios acumulados da
mega-sena sozinho.

Aécio Neves, então candidato a
governador de Minas em 2006, declarou ao TRE/MG um patrimônio total de
R$ 831.800,53. Apenas três anos depois de eleito para o segundo
mandato, o governador mineiro, apenas em uma aquisição, conseguiu
ampliar 50 vezes seu patrimônio imobiliário, adquirindo a participação
de todos os herdeiros de seu avô Tancredo no luxuoso apartamento
situado em Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro. O total pago foi
de R$ 12 milhões, a vista.

Há um farto folclore sobre a
suposta vocação dos mineiros para serem econômicos e demonstrarem
conservadorismo na administração do dinheiro. É bastante provável que
a fama seja inteiramente injusta, mas a declaração de bens do
governador de Minas bem que dá asas à ideia de que, “uai, tem mineiro
guardando dinheiro no colchão, sô”.

O economista Aécio
Neves, 49 anos, informou à Justiça Eleitoral em 2006 que possuía em
espécie R$ 150 mil. Declarou ainda um apartamento na cobiçadíssima
Avenida Epitácio Pessoa, no bairro carioca de Ipanema, que apareceu na
declaração de bens de Aécio com o preço de R$ 109,55 mil.


Ele não discrimina o número de dormitórios que tem o imóvel, mas uma
rápida pesquisa em classificados de jornal mostra que o dinheiro é
pouco até mesmo para comprar um “quarto/sala” por ali.

O fato pode ter a ver com um hábito dos políticos. Eles costumam
utilizar nas informações prestadas à Justiça Eleitoral os valores dos
imóveis constantes das declarações de Imposto de Renda.


Nessas, o contribuinte é impedido de atualizar o valor do bem à luz
dos preços de mercado porque o esfomeado Leão quer aumentar ao máximo
a possibilidade de morder ganhos de capital elevados, aumentando
artificialmente o lucro obtido pela eventual venda do imóvel. Em tese,
à Justiça Eleitoral, o candidato deveria informar o valor real do
bem.

Além do apartamento de seu avô, outros imóveis foram
adquiridos no litoral, principalmente em Angra dos Reis. Em Angra, o
preço dos imóveis ultrapassa o valor pago no apartamento de seu
avô.

Até mesmo dois imóveis no exterior seriam de
propriedade do governador mineiro. A maioria dos imóveis encontra-se
registrado em nome de empresas, desta forma, o nome do governador não
aparece.

No contrato social também consta como sócia outra
pessoa jurídica, uma empresa de “participação”. Entretanto, a maior
parte do patrimônio do governador de Minas está em nome de empresas
registradas em paraísos fiscais e em fundos internacionais, como ficou
provado na investigação realizada pela Polícia Federal nos fundos
administrados pelo Banco Opportunity, de Daniel Dantas.


Nestas investigações, diversas remessas realizadas desde 2003 por
doleiros da Construtora Andrade Gutierrez e Camargo Correia foram
identificadas como sendo para Aécio. Estes dados já se encontram em
poder do Ministério Público e Receita Federal.

Evidente que
o governador mineiro encontra-se no grupo de brasileiros que estão
“acima da lei”, a exemplo do senador José Sarney. Desta maneira,
membros da Receita Federal entendem que dificilmente ele será
punido.

Na verdade, após a redemocratização do País, estes
“senhores” organizaram o novo cenário de poder no Executivo,
Legislativo e Judiciário. As Cortes superiores de Justiça têm quase a
totalidade de sua composição por indicação do presidente da
República.

“De 2003 até hoje, no STJ e STF já se renovou
desta forma uma aliança entre Sarney, Collor, Fernando Henrique,
Itamar e Lula representa uma ameaça para independência e estabilidade
do sistema judicial”, afirma um ex-ministro do Supremo Tribunal
Federal.

Políticos próximos de Lula informam que a recente
posição de Aécio e de seu “escudeiro” Itamar Franco contra o Governo
Federal é em retaliação às investigações feitas pela Receita
Federal.

Senador do Psol espera a presença da ex-secretária
da Receita Federal, Lina Vieira, na Comissão de Constituição e Justiça
do Senado para indagar a respeito da pressão feita por Dilma Rousseff
em relação à investigação de Aécio.

Outra questão que está
sendo apurada é a participação do governador junto com o deputado
Nárcio Rodrigues (PSDB), o presidente da Assembleia Legislativa
mineira, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), no mineroduto de 525 km
de extensão para transportar o minério de ferro do sistema Minas-Rio,
saindo de Conceição de Mato Dentro (MG) e chegando ao Porto de Açu, no
Rio de Janeiro.

Obra que inclusive está para ser suspensa
pelo Ministério Público Federal por irregularidades.

A participação do governador mineiro no setor elétrico seria também
através de uma empresa. No inquérito, assusta a omissão da Codemig em
relação aos pedidos da empresa de Daniel Dantas para pesquisa e
exploração de jazidas minerais que pertencem à empresa mineira.

As investigações comprovam ainda que a diferença entre o valor
declarado como da venda de nióbio de Araxá e o realmente recebido no
exterior é escandaloso e estaria sendo administrado por um fundo
pertencente ao Unibanco no exterior, que, por sua vez, vem aportando
recursos no fundo que coincidentemente Aécio tem cotas.


Embora publicamente demonstre pouca amizade, Aécio é amigo desde a
infância do proprietário do Unibanco, pois no mesmo prédio
(apartamento adquirido por Aécio recentemente) sempre morou Walther
Moreira Salles e seu avô Tancredo Neves.

Um dos procuradores da República encarregados das apurações foi procurado
e nada quis afirmar, apenas advertiu ao *Novojornal*: “Relatar a
totalidade do
patrimônio de Aécio Neves antes da apresentação da denúncia seria trazer
descrédito para o caso”.

O procurador tem razão, o crescimento patrimonial de Aécio realmente
assustará,
principalmente aos mineiros.
Embora o enriquecimento de governadores de Minas Gerais após o término
do período militar tornou-se natural.

Basta ver o patrimônio de Hélio Garcia e Newton Cardoso. Pouco visível
fica o
patrimônio de Itamar e Azeredo, que sempre utilizaram “intermediários”
para tratar desses assuntos.

A assessoria de imprensa do governador foi consultada, mas não retornou
à reportagem.


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Postado por Pedro Otoni no Agência de Notícias Brigadista em 11/03/2009 07:35:00 AM

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