quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

As FARC se pronunciam sobre as bases militares entregues aos gringos

Mensagem do Secretariado do Estado Maior das FARC aos militares honrados
Fazemos um fraternal e patriótico chamado aos militares colombianos honrados para que, junto a nosso povo, formemos um só corpo que convirja em uma guerra pátria para defender nossa soberania e dignidade latino-americana, atolada até o pescoço em infâmia, sangue, corrupção e servilismo pelo presidente Álvaro Uribe Vélez, que sem ao menos ruborizar-se, porque carece de dignidade, aceitou a instalação pelo Império, de 7 bases militares na Colômbia, as quais seriam como uma adaga envenenada cravada no corpo da Pátria, e sua ponta alcançará, inclusive, o coração da América Latina, cujo único objetivo é impedir o processo democrático e integracionista de nossos povos que, sob a luz da ALBA*, continuarão o projeto libertário que deixou incompleto o Libertador Simón Bolívar.
Apelamos para sua honra, porque sabemos que ela é a primeira virtude do militar. A honra é o que faz com que se sofra com espartana impassibilidade e sem desespero todas as eventualidades que nos depara a guerra, ela é o que nos impulsiona a entregar a vida no campo de batalha sem nenhum interesse que não seja o bem da pátria. Entendendo por pátria o território da Nação com sua biodiversidade, riquezas naturais, população e cultura, e não, os bens, interesses e talões de cheques dos Santodomingo, dos Ardila Lulle, dos Darmiento Ângulo e por aí vai...
Sabemos que na Instituição Militar, para sorte da Colômbia e orgulho da América Latina, ainda há não poucos homens que preservam imaculada a sagrada honra militar, e por ela podem olhar com altivez, olhar de frente seus concidadãos e apertar as mãos dos mesmos, porque não as têm manchadas de sangue com os crimes contra a humanidade dos mal chamados “falsos positivos”, que evidenciam uma profunda falta de moral, tanto dos mandantes quanto dos executores, nem têm a consciência inutilizada pela degradante corrupção que cada dia se renova mais nesse governo mafioso, de para-militarismo e crime, onde os que se consideram representantes da soberania, são traidores infames que não têm sequer o prestígio da legalidade, porque seus atos, inclusive suas vidas, foram totalmente uma fraude.
Senhores oficiais e suboficiais: quando o general Joaquim Matallana quis entrar no enclave estadunidense de Lomalinda (META), um oficial gringo de terceira categoria o impediu com arrogância. Ferido em sua honra, o general colombiano se dirigiu ao Presidente da República para manifestar seu infinito desgosto pelo desrespeitoso atrevimento. “Não posso fazer nada”, respondeu. Era um presidente autista, sem noção de pátria, acostumado a ruminar no pasto ianque dos lacaios. Matallana, homem de honra militar, apresentou então sua renúncia irrevogável, afirmando com determinação que na Colômbia não pode haver território algum ocupado por forças estrangeiras e muito menos proibido a um general da República.  Uns anos depois, reunido na Casa Verde com os comandantes guerrilheiros Manuel Marulanda Vélez e Jacobo Arenas, o altivo general lhes prometeu com ênfase: “contem comigo se algum dia o país for invadido pelos gringos”. Que qualidade humana e militar a do nosso digno adversário na guerra de Marquetalia!
Essa é a honra que deve inflamar o peito de um militar que verdadeiramente sinta a pátria por dentro.
O longínquo incidente de Loma Linda trouxe à nossa memória a recente desonra de militares gringos contra a guarda de honra que esperava o presidente Bush na escada do avião, em sua escala em Bogotá. Para assombro do país, os gorilas da segurança de Bush revistaram as armas dos nossos militares, sem que ninguém desse nenhum pio. Nenhum protesto, só o silêncio servil das altas autoridades e do presidente. Como foi ultrajado nessa ocasião nosso decoro!
A decisão de Uribe de permitir a instalação de 7 bases militares dos Estados Unidos em território colombiano é um ato de alta traição à pátria latino-americana. Ceder o território como base de agressão contra países irmãos, contra os próprios compatriotas, e com apoio para a consolidação de uma estratégia de predomínio continental, deve encher de vergonha a alma dos colombianos. Não há argumento mais irrisório e cínico que o de Uribe para explicar, que neste caso, não se configura perda de soberania, porque os militares colombianos estariam no comando de tais bases.
O que ocorre na base aérea de Tres Esquinas, ou em Barracón, é uma mentira de proporções faraônicas. Ali mandam os gringos. Os oficiais colombianos, como ocorria em Loma Linda, nem sequer poderão aproximar-se dos barracões e instalações onde trafegam os militares norte-americanos. A “soberania compartilhada”, à qual de maneira insólita alude Uribe, é um sofisma para tolos, porque nunca pode ser soberano um país ocupado por tropas estrangeiras. A humilhação de ver oficiais colombianos subordinados a oficiais do Comando Sul do exército dos Estados Unidos não deve ser tolerada onde há honra.
Quem entende essa palhaçada presidencial de que os militares gringos terão imunidade, mas não impunidade? Talvez Uribe esteja acreditando que os colombianos são um bando de ignorantes insensatos.
Senhores oficiais e suboficiais: diante das projeções neocolonialistas do governo de Washington, devemos assumir a mesma atitude insubornável e patriótica do Libertador Simón Bolívar, que dizia: “Esse canalha me aborrece de tal modo, que não queria que dissessem que um colombiano age como eles... Os Estados Unidos são os piores e são os mais fortes ao mesmo tempo... Formado uma vez o pacto com o forte, se faz eterna a obrigação do fraco”.
O que nós devemos priorizar é a busca da unidade de nossos povos. Retomar o projeto de Grande Nação de Repúblicas que dominava o sonho do Libertador, como escudo do nosso destino. Em Nossa América, sobressai o anti-imperialismo de militares patrióticos como o general Omar Torrijos, do Panamá; o coronel Francisco Caamaño, da República Dominicana; o general Velasco Alvarado, do Peru; Prestes, no Brasil e Arbenz, na Guatemala, entre outros, que por sua atitude ganharam o afeto de seus povos.
Aqui devemos forjar a resistência patriótica, coordenando esforços com as organizações políticas e sociais do país, para fazer prevalecer a soberania e a dignidade. Exército patriótico, guerrilha bolivariana e povo mobilizado são os únicos que podem interromper o vôo ameaçante da águia da doutrina Monroe sobre os céus da Nossa América. Façamos realidade o sentimento puro do general Matallana, de fazer respeitar a pátria, unidos como deve ser. Ontem o honorável adversário nos dizia: contem comigo; hoje lhes dizemos, contem conosco. Não só para defender a soberania pátria, senão para construir uma Colômbia Nova.
Cordiais saudações, compatriotas,
SECRETARIADO DO ESTADO MAIOR CENTRAL DAS FARC-EP
*ALBA: Alternativa Bolivariana para La América Latina y el Caribe. Porém, “alba” em espanhol também significa alvorada, primeira luz do dia antes do amanhecer. Dessa forma, quando no texto aparece a frase “... sob a luz da ALBA”, o autor do texto pode ter aproveitado os dois sentidos da palavra, fazendo uma reverência à luz da alvorada, aos primeiros raios de sol antes do amanhecer.
Traduzido: Valeria Maria Lima Campos

“DEMOCRACIA SEM COMUNISTAS”
JORNAL “ABC”, DE ASSUNÇÃO, PREGA A VOLTA AO STRONISMO

        O diário de Zuccolillo e da ultradireita mostrou de uma maneira descarada seu caráter fascistóide ao condenar o presidente Lugo por expressar a sua satisfação pela “unidade sem exclusões”, com a presença e a participação dos comunistas no grande ato de reafirmação da luta por mudanças democráticas e contra o golpismo terrorista.
         O sermão totalitário do “ABC” é difundido quando ainda sangra a ferida provocada pelo terrorismo de Estado da ditadura stronista disfarçada como “democracia sem comunistas”.
         Centenas e milhares de patriotas e democratas paraguaios e paraguaias, de todos os partidos políticos e independentes, que lutavam pela democracia foram  reprimidos, torturados e assassinados, acusados de serem comunistas ou “inocentes úteis ao comunismo”.
         Pelo que foi visto e lido no “ABC” desse domingo 8 de novembro de 2009, não foi suficiente a sangrenta perseguição durante a tirania do General Stroessner, que com a máscara da “democracia sem comunistas” implantou, inaugurou no Paraguai o regime dos sequestros e as desaparições de centenas de compatriotas.
         “Democracia sem comunistas” foi o reino de uma minoria de mafiosos, de uma gangue de chefes militares e de oligarcas, de um punhado de latifundiários e empresas transnacionais que se apropriaram de nossa pátria e exploraram e  reprimiram bestialmente o nosso povo.
         Durante essa tirania de 35 anos, que se auto-qualificava de “democracia sem comunistas”, de “campeã do anticomunismo”, amamentada e mimada por Washington, pelo imperialismo ianque, o Paraguai foi uma grande prisão e um cemitério de democratas e patriotas.
Em nome da “Segurança Nacional” o ditador Stroessner, por mandato de seus chefes norteamericanos, ditou as famosas leis 294 “De defesa da democracia” e 209 “De defesa da paz pública e da liberdade das pessoas”, com longos anos de prisão para os opositores.
“ABC”, como Eduardo Avilés, o fascista chileno da Associação Rural do Paraguai, e outros, defendem um anticomunismo troglodita, a liquidação de mulheres e homens acusados de serem comunistas.
Nem mais nem menos: a apologia do crime político, do massacre dos compatriotas que por quererem um Paraguai verdadeiramente democrático, devem ser reprimidos, liquidados ou excluídos.
Como disse Lugo, o processo democrático não dará nenhum passo atrás.
A unidade na diversidade, a unidade sem exclusões e seu permanente fortalecimento é a chave de uma verdadeira democratização.
A democracia como ferramenta de mudanças libertadoras é a política justa. Nisto está o nosso povo. E isto é irreversível.

Comissão Política do Partido Comunista Paraguaio
Assunção, 9 de novembro de 2009
(tradução de Rodrigo Fonseca)

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