As 6h00 da manhã apareceu uma viatura da polícia militar no local e o policial, olhando da porta, sem entrar na casa, sem tocar o pulso dela, disse que a Sra. Maria Eni estava morta e se retirou. Contudo, algumas pessoas da comunidade disseram que ainda havia sinais de vida (batimentos cardíaco) na sra. Maria Eni.
Como não obtinha êxito com o SAMU, a coordenadora Simone continuou insistindo nas ligações e pediu ajuda a alguns apoiadores da ocupação. Também a Irmã Rosário ligou desde sua residência para o SAMU falando da emergência do caso, mas a Dra. Cíntia que lhe atendeu, disse-lhe que só liberaria a ambulância se a pessoa que chamasse estivesse ao lado da vítima. A Irmã Rosário retornou então a ligação para Simone a fim de que esta continuasse insistindo.
O povo da comunidade Dandara, depois de muitas insistências pedindo socorro para a vítima, resolveu fechar a rua da frente da ocupação e queimar pneus. Só depois disto foi que apareceu a ambulância do SAMU, mas já era tarde: a Sra. Maria Eni já havia falecido. Era quase 9h30 da manhã!
Quando o povo queimou os pneus foi reforçado o número de policiais militares e segundo os moradores estes trataram o povo com desrespeito e palavrões.
A comunidade Dandara ficou extremamente indignada com o descaso e o desrespeito com que mais uma vez foi tratada e manifesta esta nota à imprensa e à sociedade exigindo um basta a tanto descaso, omissão e desrespeito. E exigimos a apuração do fato e que os responsáveis pela omissão de socorro sejam julgados e condenados. “Justiça!”, o grito do povo de Dandara.
Não é a primeira vez que o povo da Comunidade Dandara precisa do SAMU, chama e não é atendido. Por exemplo, há um mês atrás, Priscila Cristiene Pereira estava com Ruan, seu filho, e Yasmin, filha de Ideslande, muito mal, correndo risco de vida. Chamou o SAMU, mais alegaram que não podia atender. Chamaram a PM, que também disse que ao poderia levar, mas quando os policiais viram que se não levasse as duas crianças, elas morreriam, colocaram na viatura e levaram até ao pronto socorro.
Obs.: Maria Eni dos Santos tinha participado da Marcha pela Paz contra dos Despejos, das Brigadas Populares e do Forum de Moradia do Barreiro, em Belo Horizonte - Ocupações/Comunidades Dandara, Camilo Torres e Irmã Dorothy (1.200 famílias pobres)- que, após marcharem 25 Km, do bairro Céu Azul (Dandara) até ao centro de BH, ficaram acampados na Praça 7 por 4 dias, de 11 a 14/05/2010, atrapalhando do trânsito e incomodando consciências adormecidas. Recuaram em centenas, mas voltarão em milhares, caso o Governador Antônio Anastasia e o Prefeito Márcio Lacerda e as autoridades não se abram ao diálogo, pois direito à moradia e à dignidade humana (direitos que estão escritos na Constituição Brasileira e na Constituição do Povo de Deus, a Bíblia.) se conquista, não se mendiga.
Belo Horizonte, 16 de maio de 2010.
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