terça-feira, 30 de novembro de 2010

a gente não se vê por aqui


Segunda feira - 29 de novembro de 2010. Noite. Enquanto no Roda Viva, Luiz Eduardo Soares tentava explicar sociologicamente as causas da violência no Brasil e o CQC, na Band, mostrava que Recife é segunda capital mais violenta do país, a Tv Globo no programa Tela Quente, patrocinado pela TIM, exibia Operação Fronteira, fazendo seu costumeiro papel de vendedora de armamentos bélicos, que hoje em dia, de tanto bombardeio, consegue ser apresentado como um tipo de programação normal, natural, pois é repetido há décadas, despejando nos olhos, nos ouvidos, nas mentes de milhões de brasileiros seus merchandising de armas, propaganda do terror, publicidade do horror: apologia da violência.

Não dá para entender. Justamente na semana em que o povo do Rio comemora a libertação da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, acreditando que um primeiro passo foi dado para se melhorar as condições de vida nas áreas menos favorecidas, com repercussões óbvias para toda a população da cidade.
A pergunta que se faz é:

Quem está interessado nesse tipo de programa? Quem paga, quem ganha para mostrar isso? Porque os jornalistas não tocam nesse assunto? Acham que esse comportamento da maior das emissoras de televisão do país, copiado pelas demais concorrentes, não influencia outros comportamentos nocivos? O poder do audiovisual pode ser menosprezado e deixarmos nosso povo a mercê desse verdadeiro massacre?
O Governo Lula não colocou o dedo nessa ferida.

Dilma vai botar uma UPP nessas bases de lançamento de produtos subsidiados pela indústria bélica?

Porque não se retaliar os Estados Unidos, seguindo determinação da OMC, especialmente em cima desses produtos danosos e desnecessários para nosso povo?
Com a palavra Jabor, Boechat, Willians, Fátimas, Joelmir, Gabi, Augusto Nunes, Boris, Ticiana, Datena, Amorim, Ana Paula Padrão, Cidinha e todo o exército de jornalistas, gente poderosa que vive, convive, nas redações dos jornais e telejornais, com essa estranha contradição. Defendem nos seus noticiários, nos seus artigos e editoriais as ações da polícia e o combate a criminalidade e paralelamente aceitam silenciosa, pacifica e ordeiramente essa demonstração cotidiana, ditatorial, de violência explicita projetada pelas Telas Quentes. porque se calam diante dessa evidente necessidade vital, quando o assunto é enfrentar verdadeiramente e debater sem medos de perder o emprego, as causas e a continuidade da violência nossa de cada dia.

Noilton Nunes

Jornada Internacional de Cinema da Bahia

apresenta
Tela e Liberdade - O casamento da Terra com o Cinema
de Noilton Nunes
com
João Pedro Stédile
Líder do Movimento dos Sem Tela


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