quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Eleazar Díaz Rangel: A morte e o futuro da imprensa

8 DE JANEIRO DE 2013 - 14H03 

Quando terminava o ano de 2012 ocorreram dois fatos de extraordinário significado, ainda não compreendidos em profundidade, sobre o mundo dos veículos de comunicação.

Por Eleazar Díaz Rangel*, em Mapocho Press


Uma das mais prestigiosas revistas estadunidenses, Newsweek, quando estava a ponto de cumprir 80 anos, deixou de circular depois de perdas anuais estimadas em 30 milhões de dólares, e uma baixa em sua tiragem que nos anos 1980 era de quatro milhões e chegou a 1,4 milhão a dois anos.

Este fechamento é outra expressão da crise midiática neste país, onde em cinco anos foram fechados 145 jornais e apenas 14 passaram à rede digital. A Comissão Federal de Comunicação (FCC) revelou que foram perdidos 35 mil postos de trabalho, 18 milhões de leitores deixaram a imprensa e entre 2005 e 2010, as perdas chegaram a 25 bilhões de dólares.

Os editores da Newsweek começaram a buscar soluções quando perceberam a crise que se avizinhava, mudaram sua linha editorial para fazê-la mais acessível ao chamado grande público, “com capas e conteúdos cada vez mais chamativos e superficiais”, o que afetou sua qualidade sem ganhar leitores. Agora em janeiro será possível ler a Newsweek Global online, com pagamento prévio pelo serviço, com pessoal reduzido e sem colocar em risco a qualidade do jornalismo, garantem seus editores.

“Alguns jornalistas e especialistas em meios de comunicação são céticos sobre o futuro desta marca e de outras muitas empresas de comunicação pegas em uma —combinação letal de um modelo de negócios que não se sustenta e outro que não mostra ainda um caminho claro para a sobrevivência”, como resume uma pesquisa de Antonio Caño, correspondente do El País em Washington.

A extinção desta revista confirma a hipótese de um estudo de uma universidade dos EUA — creio que a da Pensilvânia — segundo ele, em qual dia de outubro de 2040 circulará o último exemplar de um diário impresso neste país? No entanto, transcenderam informações sobre as sérias dificuldades da imprensa em um número cada vez maio de países, e não necessariamente vinculados à grave situação da economia europeia. Milhares de jornalistas ficaram desempregados. A crise de El País e El Mundo, da Espanha, é um bom exemplo do que ocorre em muitos veículos. E, no entanto, Walter Buffet terceiro na lista dos multimilionários do mundo, com mais de 50 bilhões de dólares, está comprando jornais como se estivesse inteirado de que algo bom ocorrerá, mas ninguém sabe a verdade sobre estas compras, se é que são uma maneira de jogar dinheiro fora.

A outra morte


Vejamos o novo fato significativo. A notícia foi oferecida há pouco pela agência Efe desde nova York: o desaparecimento do jornal The Daily “menos de dois anos depois de seu lançamento com estardalhaço como o primeiro grande diário desenhado exclusivamente para o tablet eletrônico iPad coloca novas dúvidas sobre até onde deve se orientar a imprensa escrita”.

O mesmo documento explica que o fracasso deste ensaio “… é simplesmente uma recordação de que no mundo digital pós-impresso, o poder passou dos editores para os consumidores”. Segundo o editor-chefe do portal especializado Mashable, Lance Ulanoff, os leitores de notícias na internet criam seus próprios jornais com base em pedaços de diferentes diários em múltiplas plataformas, por isso o pecado original deste periódico foi estar disponível somente para iPad durante seu primeiro ano de vida, e ainda que depois tenha ampliado seu espectro, não teve uma audiência suficiente para se converter em um negócio sustentável de longo prazo, como reconheceu o magnata da imprensa, Rupert Murdoch, quando anunciou seu fechamento. The Daily atingiu 100 mil assinaturas, mas estima-se que necessitava o dobro para se estabilizar. 

A Agência Efe encerra assim: “Seja qual for a razão do rápido desaparecimento do The Daily as dificuldades são evidentes as dificuldades que afrontam os meios de comunicação para encontrar novas vias para ser rentáveis e complica o nascimento de mais iniciativas que busquem delinear o caminho para onde deve se dirigir a imprensa escrita”.

Últimas notícias

No caso da Venezuela, Últimas Noticias conserva sua alta circulação e credibilidade, enquanto vários diários da América Latina desapareceram (o último foi La Nación, Chile), e a maioria viu diminuir sua circulação, como é o caso de El Tiempo, de Bogotá e Clarín, de Buenos Aires, que de 400 mil exemplares em 2007 baixou para menos de 300 mil em 2011, e sua publicação de domingo se reduziu de 800 para 600 mil, segundo o Instituto de Verificação de Circulação (IVC).

No entanto, esta circunstância que o converte no diário mais lido da Venezuela, os proprietários da Rede Capriles intalaram em seus novos prédios uma Redação Unificada com as três marcas, o portal e suas redes sociais, com as mais altas tecnologias, que revelam como veem o futuro sem abandonar o presente dos meios impressos. O vice-presidente da Rede, Ricardo Castellanos, opina que “foi colocado aos diretores e a todo o grupo de jornalistas desta redação uma única frente diante do enorme objetivo da transformação para que em poucos anos a Rede Capriles seja uma empresa de meios multimarca e multiplataforma capaz de enfrentar com êxito e viabilidade econômica a mudança de paradigmas que hoje vive a indústria”.

No fim, serão os leitores e anunciantes os fatores fundamentais de seu crescimento e do futuro das mudanças que se adiantam.

*Eleazar Díaz Rangel é jornalista, diretor do jornal venezuelano ÚItimas Notícias

Tradução: da Redação do Vermelho

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