terça-feira, 6 de agosto de 2013

Mídia Ninja responde a Chico Otávio

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Segue o texto do fotógrafo Rafael Vilela, membro do coletivo Fora do Eixo e do Mídia Ninja.
Querem criticar a nova midia, mas não tem o minimo cuidado de pesquisar sobre quem e o que estão falando. E depois ainda querem falar de imparcialidade e apuro jornalístico. Esta é a grande mídia brasileira. Não sei se rio ou se choro.
A matéria do Jornal O Globo, intitulada "Os Ninjam querem verba oficial pra sobreviver" do jornalista Chico Octavio é a prova real de como os grandes veículos de comunicação radicados no Rio de Janeiro e São Paulo perderam a capacidade de conexão com a realidade e as rápidas mudanças que tem vivido a sociedade brasileira.
Comecemos pelos detalhes: Chamar o Fora do Eixo de Ong Paulista, depois de se referir a falas de Pablo Capilé é no mínimo constrangedor. Qualquer formador de opinião, de uma cidade brasileira com mais de 50 mil habitantes sabe que o Fora do Eixo é uma rede de coletivos que surge a partir da experiência exitosa do Espaço Cubo, de Cuiabá, de onde saiu Pablo, depois de viver 31 de seus 34 anos. A rede que iniciou suas atividades no final de 2005, chegou a cidade de São Paulo em 2011, quando já tinha mais de 100 coletivos espalhados por todas as cidades brasileiras e países da América Latina. De forma descuidada, o jornalista evidencia a forma umbilical e egocêntrica que normalmente os fenômenos de periferia são tratados pelo mainstream jornalístico brasileiro. É assim com a Favela, é assim com Lula e é assim com o Fora do Eixo. Onde será que estes jornalistas e editores estiveram nos últimos 10 anos?
A tratar a questão das novas mídias a partir de uma lógica protecionista, o que se vê novamente é uma tentativa descarada de descredibilizar o novo, ao invés de encara-lo como fato. Ao ser tratado como ameaça, justamente porque ajuda a desnudar a ausência de imparcialidade e o papel de mantenedor do status quo estampado em suas manchetes diárias, o jornalismo forjado nas redações do século XX, acaba por abrir espaço para a ampliação ainda maior do fosso entre noticia e a realidade. Não perceber que as novas tecnologias servem justamente para retirar máscaras e ampliar protagonismo e reflexão critica é esquecer dos fatos em nome dos interesses. É abandonar o jornalismo em nome de seu negócio. É assumir um lado, de forma velada e por isso constrangida. Ao contrário, os Ninjas, não tem o que velar, e podem ao invés de acender velas para os velhos e moribundos modelos de jornalismo, festejar a chama viva da transparência que redimensiona toda a discussão. Sim, caro Chico Octavio, Julian Assange é o novo Jimi Hendrix!
Afinal de contas, a matéria é realizada a partir de uma reunião aberta, que durou mais de 3 horas, e contou com mais de 100 pessoas, que discutiram dezenas de temas, entre eles alternativas e formas de sustentabilidade. Ela também foi transmitida ao vivo, com mais milhares de pessoas acompanhando online, e seu conteúdo segue disponível para ser assistido. Armazenado online, ele não vai virar embrulho de peixe ou assoalho de carro. Taí talvez, a grande questão a debatida numa matéria que se propõe discutir as novas mídias e as mudanças na comunicação e no jornalismo no século XXI deveria ser:
Onde você prefere formar sua opinião? Na matéria filtrada pelos interesses de uma grande indústria em decadência, ou a partir do conteúdo integral e transparente disponibilizado pelos próprios agentes do processo?
É amigos, pelo visto a coisa tá ficando estreita e os recibos estão sendo passados. Faça suas escolhas e forme sua opinião! #SomosTodosNinjas

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