Rogério Santanna diz que desde sua
demissão Telebras passou a atuar como uma auxiliar das teles, que têm
respaldo do governo na decisão de não fazer nada
por Rodrigo Gomes, da RBA
publicado
07/09/2013 11:13
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Antonio Cruz/ABr
Santana, em foto de 2010, quando assumiu a Telebras com objetivo de tocar o PNBL, foi dispensado no ano seguinte
São Paulo – Um dos mentores do
Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) no final do governo Lula,
Rogério Santanna não aceita a ideia de que o projeto esteja
enfraquecido: "O PNBL acabou", decreta, acusando o ministro das
Comunicações, Paulo Bernardo, de entregar a iniciativa nas mãos das
teles.
Após discutir a formulação do programa como
secretário de Logística e Tecnologia do Ministério do Planejamento,
Santanna foi alçado em maio de 2010 à presidência da Telebras, estatal
que passou por um processo de (quase) fortalecimento para dar conta do
propósito ao qual estava destinada no PNBL: levar a banda larga onde o
mercado não tivesse interesse, inclusive concorrendo no fornecimento
direto ao consumidor.
Mas, já com Bernardo no comando das Comunicações, e
Dilma, no do Planalto, a demissão de Santanna, em maio de 2011, enviou
um recado: "Sinalizou para todo mundo, operadoras e sociedade, que o
programa tal qual foi concebido no governo do presidente Lula não seria
executado."
Dali por diante, a decisão foi de que a Telebras não
concorreria mais diretamente, e seria, pelo contrário, uma parceira das
teles na tarefa de construir estrutura. A solução apresentada por
Bernardo foi de que as empresas apresentassem um pacote com custo de R$
35 a uma velocidade de um megabyte.
Passados dois anos, a reportagem da RBA tentou assinar a internet do PNBL através das operadoras e não conseguiu.
Entre os problemas, apresentação de critérios diferentes dos propostos
pelo Ministério das Comunicações, como o de ser beneficiário do Bolsa
Família para acessar o serviço, desconhecimento da existência do
programa e oferecimento dos chamados "combos". Além disso, em muitas
cidades informadas como beneficiadas pelo programa não é possível
adquirir o pacote, pois as empresas, e a própria Telebras, desmentem a
lista do ministério, afirmando que ainda não há PNBL nestes locais.
Como o senhor avalia essa situação a que o programa chegou, em que as pessoas sequer conseguem contratar o serviço?
Não existe esse serviço prestado. Você vai ter que se
esforçar muito para achar alguém que conseguiu comprar. As operadoras
escondem isso no seu site. Só procurando muito para encontrar. Porque
isso concorre com os programas que eles vendem. Além disso, eles criaram
uma oferta extremamente raquítica, com limitações de acesso, que se
você acessar a página da operadora praticamente acaba com a sua
franquia.
Elas conseguiram piorar tanto o serviço que a pior
oferta da operadora já é melhor. Assim não adianta o sujeito comprar uma
banda larga pelo PNBL. É mais ou menos assim: aumentou o tamanho da
torneira e trocou a caixa d'água por um balde. Quer dizer, não adiantou
nada. Na primeira consulta você já consumiu a franquia e vai ter que
pagar mais ou usar um serviço mais lento.
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