sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Diretor do Google critica modelo de negócio das teles para internet

Segundo Leonardi, a falta de inovação leva as operadoras a reagirem contra neutralidade de rede

A reação das teles ao texto proposto para neutralidade de rede parece mais uma defesa do modelo de negócio, criado por elas para a banda larga, e que não passou por inovação. Esta é a avaliação do diretor de políticas públicas e relações governamentais do Google Brasil, Marcel Leobardi, após participar de mais um debate sobre o Marco Civil da Internet, na 15ª Futurecom, nesta quinta-feira (24).

Segundo Leonardi, as operadoras já foram surpreendidos com a migração da telefonia fixa pela voz por IP e reagiram do mesmo modo. “Isso nos faz pensar com qual velocidade as empresas estão enxergando o que está acontecendo. No mundo da internet a gente sabe que cada trimestre tem novos aplicativos, novas funcionalidades que há pouco tempo não se pensava e o modelo deles é o mesmo”, afirmou.

Datacenter

O diretor do Google também vê equívoco na determinação do governo em incluir a obrigatoriedade de armazenar dados dos brasileiros no país. “Isso não vai adiantar porque, não importa onde está o datacenter, a empresa continuará seguindo a leis do país em que foi constituída”, ressaltou.

Além disso, acredita que a posição do governo é incompatível para um país que quer liderar a democratização da rede. “Como os outros países vão confiar em uma liderança que quer criar medidas protecionistas, pode comandar o debate da governança global da internet”, questiona.

Leonardi também vê prejuízos para as pequenas e médias empresas de aplicações, que terão dificuldades para atender a exigência. E, no caso do Google, acredita que atrasará o lançamento de produtos inovadores no país. “Já existem produtos da empresas, como o sistema de pagamentos, que não foi lançado no Brasil em função da complexidade tributária”, disse.

O diretor do Google disse que o tema já é uma preocupação da direção geral da empresa. “O presidente Larry Page já se referiu sobre o tema”, afirmou. Leonardi disse que o Brasil é muito importante para empresa e já é o segundo país em número de pesquisas no site.

Operadoras

O debate, que deveria ser focado nos datacenter, em poucos minutos foi totalmente voltado para a discussão sobre a neutralidade de rede, principal ponto de divergências do Marco Civil da Internet. O presidente da TelComp, João Moura, o setor de telecomunicações já perdeu muita receita com a internet por dificuldade em monetizar os serviços. Ele salienta que o projeto não pode acabar com as oportunidades das operadoras de inovar, segmentar e incluir mais assinantes.

O diretor da GVT, José Gonçalves Neto, disse que as operadoras “são cavalos que levam no lombo as pesadas aplicações da rede” e que devem ser deixados livres para chegar mais longe. Já o representante da Telefônica, Enylson Camolesi, acha inconcebível que o governo tenha tido o intuito de desestimular investimentos em infraestrutura ao apoiar o texto atual. “É possível mexer em detalhes sem modificar o sentido”, acredita.

Enquanto o diretor de Relações Institucionais da TIM, Maria Girasole, o debate não se trata de democratizar a rede, mas de negócios. Ele afirma que as operadoras não podem ofertar serviços melhores se não tiverem capacidade mínima de gerenciamento. “Infraestrutura é como a vida, finita”, alertou.

Único a defender o texto atual sobre neutralidade de rede, o presidente da Abranet, Eduardo Neger, o modelo atual de negócio até ilimitado para internet foi inventado pelas próprias operadoras. Ele disse lembrou que o que faz as pessoas cada vez se conectarem mais são as aplicações, desenvolvidas pelos provedores de conteúdo.

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