quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Conselho de Política Ambiental de Minas Gerais

Gesta Ufmg compartilhou de Andréa Zhouri.
''Num ritual macabro de tortura psicológica e emocional que durou aproximadamente 11 horas, a Unidade Colegiada do Conselho de Política Ambiental de Minas Gerais, a URC-Jequitinhonha, performou um simulacro de democracia para conceder a Licença de Operação para a criminosa empresa mineradora da Africa do Sul, a Angloamerican.''

Eu também vi e senti o horror e vos acuso!
Por Patricia Generoso, atingida pelo projeto da Angloamerican
Acuso sem ter lavado as mãos, “com toda a certeza que não permite vacilação” .
Acuso com a certeza que Dona Maria da Consolação denunciou sem vacilar : minha nascente secou, os peixes morreram, a água está contaminada.
Acuso os técnicos que mesmo depois de terem sido alertados que o exame toxicológico da água comprovou a contaminação por amônia, mantiveram irredutíveis na declaração de cumprimento da condicionante que garantia a retomada dos usos d’agua tradicionalmente desenvolvidos pela comunidade da Agua Quente.
“É UM CRIME”!
Acuso aquele que em sua manifestação repudiosa apontou para as rugas da Dona Eleonora, uma trabalhadora rural da comunidade da Agua Quente, como se ela fosse um exemplo do “atraso”.
Acuso aqueles que reconheceram a dignidade do trabalho dos funcionários uniformizados e marginalizaram o trabalho do Sr. José Pepino, do Sr. José Vigia lavradores que descreveram a impossibilidade de produzir a rapadura e o doce de goiaba com água contaminada.
Acuso aqueles que fizeram com que as denuncias de escassez de água que assola os atingidos fossem transformada em uma “leve suspeita” manifestando o convencimento que esta escassez de água é um “problema nacional”, sem qualquer preocupação com as especificidades do caso e o conhecimento realidade, e sem a mesma certeza que não permite vacilação e que fez a Dona Maria da Consolação, a Dona Rita, a Cleusa, a Celeste, o João Rodrigues, o José Pepino e a Vilma denunciar que a agua secou.
Acuso aqueles que fizeram os empregados uniformizados acreditar que seus empregos estavam ameaçados caso a licença de operação não fosse concedida.
Eu acuso aqueles que acreditaram nesta mentira e que permaneceram cegos por esta manipulação inescrupulosa mesmo depois de ter ouvido o depoimento de tantos outros trabalhadores rurais, honradíssimos, que denunciaram a impossibilidade de continuar mantendo o seu trabalho e o sustento de suas famílias em razão das violações que sofreram.
Eu acuso aqueles que mesmo não acreditando nas campanhas enganosas veiculadas na imprensa EcoWashing, lavaram as mãos.
“É UM CRIME’.
Eu acuso com a certeza da Dona Rita que foi impedida por seguranças da empresa de adentrar na propriedade de sua família,
Eu acuso com a certeza do Sr. Ari que teve sua propriedade retalhada por obras da adutora de água, linha de transmissão e mineroduto, permanecendo invisível até mesmo para a justiça que reconheceu a servidão em favor do empreendedor e determinou a emissão de posse da sua propriedade com mandado judicial em nome de terceiro.
Eu acuso com a certeza de Dona Natalína, octogenária, aviltada com um mandado de despejo;
Eu acuso com minha certeza que não permite vacilação: os peixes morreram, a agua está contaminada, nossa produção inviabilizada. Somos todos massacrados!
“É UM CRIME”!
E não há como ignorar um crime que ameaça nossas vidas e nosso direito de melhoria contínua de condições de vida.
Não se pode viver sem perspectiva de vida! Não se pode viver ameaçado e aterrorizado.
Eu vos acuso porque tenho vos alertado durante estes 8 últimos anos e fizestes ouvidos moucos.
É meu direito denunciar para garantir nossa existência!
É meu dever denunciar!
É um crime!

Patricia Generoso Thomaz Guerra
Atingida pelo projeto Minas-Rio

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