Movimentos realizam ato e ministra recebe representantes do MST, Brigadas e Fórum de moradia do Barreiro.
Na noite de ontem, dia 17, uma comissão de sem-casa foi recebida pela ministra Dilma Roussef, presidenciável do governo. A comissão foi tirada após confusão causada pelo cerimonial do hotel, onde era realizado evento em que se debatia a crise mundial.
Cerca de 150 pessoas ligadas ao MST, Brigadas Populares e Fórum de moradia do Barreiro, e que estão acampadas em duas áreas abandonadas na periferia de Belo Horizonte compareceram ao local para tentar conversar com a ministra, que lançava o PAC da Habitação em Belo Horizonte. No entanto o cerimonial barrou os sem-teto de participarem do evento, a princípio sem dar explicações, o que gerou indignação no grupo. Logo após, alegaram falta de espaço nos ambientes de conferencia para recebê-los, ao mesmo tempo em que permitiam a passagem de pessoas bem vestidas. Em poucos minutos o batalhão de choque interviu para liberar a portaria, utilizando gás pimenta e força.
Após o tumulto que deixou saldo de alguns feridos, Dilma recebeu uma comissão de 8 representantes. Também participaram da reunião o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, o deputado federal Virgílio Guimarães e do ex-prefeito Fernando Pimentel. Ficou acertada a constituição de uma equipe de trabalho, chefiada pelo deputado, envolvendo representantes do governo do estado e da prefeitura, com o propósito de solucionar o problema das famílias acampadas.
Histórico da Ocupacão Dandara
A Ocupacao Dandara esta sendo organizada desde o ultimo dia 09 de abril, em um terreno de 40 hectares abandonado no bairro Céu Azul, região Norte de Belo Horizonte. Organizada pelo MST`(Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), Brigadas Populares e Forum de Moradia do Barreiro, a ocupacao hoje conta com mais de mil famílias sem teto, alem de trezentas que aguardam no cadastro de espera.
A ação tem como objetivo denunciar a falta de políticas públicas referentes ä moradia e reivindicar as Reformas Urbana e Agrária, como meios capazes de superar as desigualdades existentes na cidade e no campo.
Na última terca-feira (14/04), a Justica concedeu liminar de reintegração de posse a construtora Modelo, que se diz proprietária do terreno. No momento, várias entidades, movimentos e organizações estão construindo um comitê de apoio para que a Justiça, mais uma vez, não atenda somente aos interesses das elites.
contatos assessoria: 31 8522-3029/31 9702-6725
As informações referentes á Ocupação Dandara estão sendo atualizadas no blog ocupacaodandara. blogspot. com
AGENDA
NESTE SÁBADO
Celebração Eucarística
Sábado 18 de abril, as 17h na ocupação.
Reunião Comitê Solidariedade
Sábado 18 de abril, as 16h na ocupação.
DOMINGO:
Cine Rebelde no Dandara
Domingo, 19 abril, as 19h30 na ocupação.
Com filmes:
TV Caracol
Setor de Cultura do MST
Próximas reuniões do comitê de solidariedade da Ocupação Dandara:
Quarta 22/04 as 19h30 no DCE UFMG
Sábado, 25/04 as 16h30 na ocupação.
CARTA DE APOIO
A madrugada do último dia nove de abril anunciou em Belo Horizonte um novo momento para a luta popular em nosso país. Nascia a Ocupação Rururbana Dandara.
Fruto da aliança entre o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), as Brigadas Populares e Fórum de Moradia do Barreiro, a ação inicial contou com cerca de 150 famílias sem teto, que se multiplicaram em mais de mil. Hoje já existem além destes cerca de 300 que já integram o cadastro de espera. A tão falada crise econômica mundial parece haver chegado ao Brasil e a BH, e não é nenhuma marolinha. E seus efeitos já foram sentidos pelo povo pobre da periferia, que saem em busca de seus direitos, afinal, a crise não é culpa dos pobres e sim dos ricos capitalistas.
A Ocupação Dandara foi organizada a partir de uma demanda real em nossa sociedade: a construção das Reformas Urbana e Agrária; uma aliança que pretende apresentar alternativas aos excluídos e excluídas da cidade e do campo, que enfrentam dia após dia os obstáculos para sobreviver neste mar de desigualdades.
Onde a propriedade é mais valorizada que o ser humano, não poderia ser diferente: só em Belo Horizonte são cerca de 80 mil imóveis ociosos e 55 mil famílias sem moradia. Uma conta fácil de ser resolvida se não fosse a proteção aos interesses das elites. O déficit habitacional total em BH beira 200 mil unidades entre valores quantitativos e qualitativos. No Brasil o total chega a 8 milhões!
Os 400 mil metros quadrados abandonados há mais de 40 anos seguem sustentando barracas e sonhos de milhares de trabalhador@ s. Os integrantes da Dandara querem destinar toda esta terra para um sistema de habitação urbana que envolva sistemas produtivos agrícolas e não-agrícolas, em regime de cooperação e associativismo. Estamos chamando este sistema de rururbano. Porém, o Estado, cumprindo seu papel de sustentar em primeiro lugar os interesses capitalistas, continua a dificultar a ação e frustrar o sonho dos trabalhadores.
Na última terça-feira (14/05), foi concedida liminar de reintegração de posse à Construtora Modelo, que se alega proprietária. O terreno apresenta uma série de irregularidades tributárias, o que não impediu a Justiça de favorecer à construtora.
Diante da importância dessa luta que está sendo travada, nós, representando movimentos, organizações e demais entidades nos solidarizamos com a Ocupação Dandara, apoiando sua reivindicação pela função social da propriedade e os direitos fundamentais das mais de mil famílias acampadas.
Belo Horizonte, 17 de abril de 2009.
Assinam esta carta...
Entre no nosso Blogue e ASSINE A CARTA: www.ocupacaodandara .blogspot. com
Ameaça de despejo da ocupação no Céu Azul traz tensão e agrava situação dos sem-teto.
Na noite de terça-feira, a PM informou que foi deferida a laminar de despejo pela 1ª instância do TJMG. A notícia trouxe descontentamento às famílias da ocupação, que criticam a decisão e denunciam o descaso com o conflito.
Além de não resolver, a medida agrava os problemas de moradia e sustentabilidade urbana e cria outros problemas, como a marginalidade e a violência. Esta é a avaliação das lideranças do movimento Brigadas Populares e do MST, que acusam o poder público de virar as costas para a realidade de crise mundial e seus desdobramentos na ponta da estrutura social. “Os pobres e excluídos pagam a conta dos desmandos econômicos dos ricos, diz Joviano Mayer, das Brigadas Populares. “A crise chegou e causou isso: desemprego, fome, miséria. Quem provocou ela não foram estes que aqui estão acampados, e não é justo impedi-los de buscar seus direitos como prevê a Constituição Federal”. Um dos diferenciais, segundo Mayer, desta crise mundial para a de 1929 é que naquela época existiam 80% da população no campo. “Eles puderam de alguma forma resistir aos impactos da crise pois tinham de onde tirar alimentos e renda. Hoje temos o inverso: 80% da população está nas cidades”, completa.
A líder comunitária Imaculada Soares diz que a área está abandonada há mais de 35 anos, e que a vinda de novos moradores agrada a população local, pois evita que o terreno continue se tornando foco de estupros e de trafico de drogas.
Renata Costa, do MST, afirma que “a área de 350 mil metros quadrados que foi ocupada teria um destino muito melhor com estas famílias assentadas”. Os movimentos sociais reivindicam que o terreno seja destinado para desapropriação no modelo rururbano, mediante pagamento de indenização em títulos da dívida pública para o proprietário do imóvel. Ainda de acordo com Costa, ali caberiam 500 famílias com unidades produtivas 500 m² cada uma, o que daria para uma casa e uma horta que complementasse a renda familiar e garantisse a segurança alimentar.
Assessoria de Imprensa da Ocupação Dandara: 8522-3029/9702- 6725
Marcelo Corisco
MST - Setor de Produção (Regional Miltom Freitas)
Belo Horizonte / MG
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