Alan Rodrigues
PODEROSO Miguelzinho na folia: R$ 12,8 milhões para Ong de amigo |
Nos documentos encaminhados ao MPF constam que, em 16 de maio do ano passado, o petista conseguiu no Ministério do Turismo R$ 400 mil para uma festa de axé, por meio de emenda parlamentar. A derrama do dinheiro público aconteceu nos cofres do Instituto de Desenvolvimento e Cidadania (IMDC) que fez o depósito na conta bancária da DM Produções de Eventos, empresa de Leonardo Dias, um dos amigos mais próximos do deputado. "Assim como o governo apoia a Fórmula 1 e o Carnaval do Rio, imaginei que não haveria problema em destinar o dinheiro à festa em Belo Horizonte, já que temos pouca opção de lazer", justifica Miguelzinho.
"É tudo normal. É investimento em turismo, mas não farei mais isso"
Miguel Correa Jr., deputado federal
"É tudo normal. É investimento em turismo, mas não farei mais isso." Procurado por ISTOÉ, o IMDC - registrado como um instituto sem fins lucrativos - admitiu que, de fato, recebeu o dinheiro e o repassou à organização do evento. "Era um projeto social", explica Deivison Oliveira Vidal, coordenador da ONG. "Gastamos o dinheiro na entrada de 15 mil jovens carentes no show", diz. Segundo consta no Siafi, sistema de informações das contas do governo federal, em 2007 o deputado vivia uma fase roqueira.De acordo com o próprio Vidal, Miguelzinho intermediou a liberação de R$ 300 mil para o instituto. A balada da vez foi o Pop Rock Brasil. A ong conseguiu também R$ 5.900.400, com o mesmo Ministério para pesquisas de opinião. Detalhe: o acordo foi publicado no Diário Oficial no dia 24 de dezembro e a primeira parcela da verba foi liberada no dia 30 de dezembro.
O IMDC obteve ainda outros R$ 6.105.640, do Ministério de Desenvolvimento Social, em 2007, repassados pelo governo de Minas Gerais, para a construção de 4.270 cisternas, no Vale do Jequitinhonha. Sem licitação. A justificativa era de que o povo estava morrendo de sede. "Era uma questão de urgência", afirma Vidal. Porém, até hoje nem metade das cisternas foi entregue.
Apesar desses fatos, o processo de expulsão de Miguelzinho é com base em um problema que não envolve dinheiro: infidelidade partidária. Pesa contra o deputado seu apoio a candidatos do PSDB e do DEM na eleição municipal em Belo Horizonte. Ele foi o braço direito do ex-prefeito Fernando Pimentel na defesa da aliança do PT com o PSDB do governador Aécio Neves.
Miguelzinho entrou em rota de colisão com pesos pesados do partido, como os ministros Luiz Dulci (secretário- geral da Presidência da República) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Social). "Se me expulsarem, terão que tirar mais nove deputados", defende-se. Na disputa petista de 2010, ele trabalha contra a candidatura de Patrus à sucessão estadual e a favor de Pimentel - candidato do ex-ministro José Dirceu. Aliás, que considera Miguelzinho um dos jovens políticos mais promissores de Minas Gerais.
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