segunda-feira, 6 de julho de 2009

CIA, Fundação Ford e a Confecom

CIA, Fundação Ford e a Confecom

Heitor Reis (*)

Seria uma extrema insensatez de nossa parte desconhecer os benefícios que a Fundação Ford (FF) tem trazido ao nosso país, bem como a outros pelo mundo a fora.

Mas, da mesma forma, a estupidez também não seria menor, caso desconhecêssemos a história desta entidade, sua atuação para encobrir financiamento da CIA para os maiores traidores dos países que ela, inegavelmente também ajuda. Ou ajudava, como querem alguns!...

Portanto, o que conta mesmo, no final da história, é o saldo disto tudo! O ser humano, bem como as instituições que cria, sempre manifestará, tanto sua malignidade intrínseca, quanto sua bondade intrínseca, dependendo do estágio de evolução em que se encontra no processo dialético da História.

Eu sou a favor da democratização e socialização, tanto da informação, quanto da informática e dos meios de comunicação. Todo mundo tem o direito de dizer o que bem pensa e de ser ouvido por todos. Ou lido... Portanto, devemos debater este e qualquer outro tema, sem censura ou constrangimento. "Queremos todos no controle!" Depois, podemos chegar a uma conclusão coletiva.

Sou totalmente contra dogmas papais! Em qualquer setor da atividade humana, inclusive na religião. E em acreditar que haja alguém ou alguma instituição acima de qualquer suspeita... Especialmente as religiões, política e futebol!

Se levarmos a sério o que defende Marilena Chauí, concluiremos que não há um ou outro conspirador contra o povo brasileiro, mas uma classe social: "O Estado brasileiro é autoritário e oligárquico, necessitando urgentemente ser democratizado."

Já João Pedro Stédile e Dom Mauro Morelli acreditam que nossos presidentes da República (para mim, uma reparticular!) são apenas motoristas da elite.

FHC considera que a classe dominante é responsável pela corrupção ora existente no país, coisa que jamais disse, quando se beneficiava do financiamento que ela fazia de suas campanhas políticas. Talvez esteja querendo que um dia nos lembremos do que ele disse, ao contrário de seu propósito, quando presidente.

Certamente, seremos condenados por estarmos indo longe demais, caso concluamos que FHC foi um dos maiores conspiradores que já houve neste país, no sentido de que servia à classe social que contra nós sempre conspirou. Perseu Abramo percebeu que a grande imprensa era inimiga do povo brasileiro, através de seus estudos e, certamente ela não é a única.

Se entendermos que privatizar nossas empresas estatais por um preço irrisório e assaltar os cofres públicos é conspirar contra o Brasil, não estaremos indo tão longe assim!... Comprar votos de deputados para garantir sua reeleição, idem. Mas, também é claro que FHC poderia fazer tudo isto, independentemente da CIA e da FF. Certamente, para que ele chegasse ao podre poder, o financiamento estrangeiro, via FF e via empresas estrangeiras instaladas no Brasil, grande parte não contabilizada (caixa 2), bem como a confiança que ele inspirava aos capitalistas estadunidenses, em função de seu relacionamento anterior, também foi fundamental.

Por exemplo, considerando que a anulação da venda da Vale do Rio Doce é uma luta dos movimentos sociais, demonstrando que o houve falcatrua da grossa, temos um conflito entre FHC e o povo brasileiro organizado. (Os alienados são devotos da Globo e suas congêneres, mera massa de manobra.) E, naturalmente, com quem o financiou!...

Certamente suspeitar das intenções de organizações que a FF financia, é uma medida lógica e racional para qualquer cidadão que defenda um mínimo de honestidade da parte delas, coisa cada vez mais rara neste país e no mundo em geral. Esta suspeita nunca será demais.

O que não devemos é afirmar categoricamente que tais entidades servem a interesses escusos, a menos que tenhamos fatos concretos e específicos que o comprovem. Quem os tiver, por favor, para felicidade ou tristeza geral da nação, que os apresente!

Não podemos confundir suspeita com certeza...

Há algum fato concreto comprovando estar alguma das entidades financiadas pela FF, a serviço de interesses contrários ao do povo brasileiro? Insisto que Perseu Abramo defendeu a tese de que a grande mídia em geral se enquadra nesta condição, independentemente de financiamento da FF.

E o FNDC, Intervozes e Observatório da Imprensa?

Como fica a Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), cujas entidades componentes da Comissão Pró-Confecom, com exceção da Abraço - Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária, resolveram aprovar uma doação da FF?

"Neste momento, o interesse da FF na Confecom, ao contrário do que dizem os defensores da Fundação, tem um objetivo institucional pré-determinado, qual seja o de promover os valores dos Estados Unidos através da “livre circulação da informação”. (...) E com essa filosofia, no caso específic o da Confecom, a FF pretende que em um novo marco regulatório da área midiática seja permitida a entrada sem restrições dos gigantes internacionais do setor." (Mário Augusto Jakobskind)

Estas entidades estão defendendo isto? Caso positivo, quando, como e onde?

"A FF se coloca como defensora incondicional dos 'valores democráticos'”... (Mário Augusto Jakobskind)

Seguramente são os mesmos valores democráticos do maior país terrorista do planeta, que depõem, naturalmente, presidentes eleitos pelo mundo a fora, invadem países, seqüestram, torturam e assassinam seus adversários. Furtam, assaltam e exploram várias nações. Vivemos sob a face mais cruel destes "valores democráticos" após 1964, quando os assassinos profissionais que deveriam defender o povo brasileiro, foram estimulados pelos estadunidenses a fazer exatamente o contrário. Afegãos, iraquianos, vietnamitas ou a população civil de Hiroshima e Nagasaki jamais os consideraram como saudáveis para sua saúde física, econômica ou política. Mais detalhes, em Sentença Condenatória aos EUA. [ http://www.midiaindependente.org/pt/red/2003/12/269975.shtml ]

Basta ver o conceito de democracia que campeia solto entre nossos jornalistas, sociólogos, geógrafos, historiadores, inclusive expoentes da academia, que podemos perceber como se modela a mente de nossos formadores de opinião, através da educação e da mídia (empresários e jornalistas diplomados à seu soldo), a ponto de jamais reconhecermos a ditadura do poder econômico em que vivemos, batizando-a de aberrações conceituais como "democracia popular", "democracia participativa", "democracia burguesa", etc. Felizmente, há raras exceções!...

O governo do povo, pode ser, simultaneamente, da burguesia? Um governo da maioria, pode ser, simultaneamente, dominado pela minoria?

Será que uma democracia não é, por definição, popular? Ou o povo exerceria um governo que não fosse popular?

Por definição, não é participativa? O povo governaria, sem participar do governo?

Uma democracia seria representativa, mesmo quando os representantes não respeitam a vontade dos representados?

Não há sombra de dúvida, que há uma conspiração em todos os sentidos, especialmente na deturpação dos conceitos que usamos diariamente, impedindo-nos de compreendermos adequadamente nossa realidade e de nos comunicarmos uns com os outros, de tal forma a modificá-la.


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