terça-feira, 23 de março de 2010

ACAMPAMENTO DO MOVIMENTO DOS ATINGIDOS POR BARRAGENS (MAB) - AIMORÉS


Ato Público e Lançamento do Relatório dos Direitos Humanos no Município de Aimorés – Leste MG

No dia 18 de março, os Aingidos pela UHE Aimorés (Eliezer Batista), dos municípios de Aimorés, Baixo Gundu, Ituêta e Resplendor, acampados nas margens da BR-474 saíram em MARCHA pelas ruas do município de Aimorés em protesto pacífico contra a Violação dos Direitos Humanos durante a implantação e operação dessa Hidrelétrica.

O Ato Público, organizado pelo MAB e pela Comissão Mobilizadora da Sociedade Civil de Aimorés, contou com a participação de mais de 200 pessoas que gritaram por justiça social e ambiental. 70% dos atingidos não receberam absolutamente nada pelos transtornos causados pelo Consórcio CEMIG e VALE.

A marcha se iniciou na Barra do Manhuaçu onde pescadores perderam seu sustento, já que não há mais peixes e os que existem estão contaminados. Percorremos as ruas da cidade que demonstrou grande apoio a manifestação.

Ao passar pela sede da CEMIG os atingidos fizeram diversas críticas aos altos preços da Energia Elétrica consumida nas residências sendo os mineiros que pagam a energia mais cara do Brasil, mesmo em muitos casos tendo uma hidrelétrica como vizinha. Enquanto a VALE paga menos de R$ 5,00 por 100kwh as residências pagam mais de R$ 45,00 pelos mesmos 100kwh. Ao fim uma grande vaia foi ouvida pelas ruas contra a Empresa
O PREÇO DA LUZ É UM ROUBO, QUE TIRA A COMIDA DO POVO!
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Ao passar pelo centro de Aimorés foi feito uma nova parada em frente a Estação Ferroviária da VALE, onde foi denunciado seu modelo de exploração sobre os trabalhadores e a privatização dos bens naturais. Foi lembrada ainda a Greve dos trabalhadores da VALE que já dura 10 meses no Canadá. Além disso, foram feitas críticas ao processo de privatização da empresa em 1997 por um valor irrisório roubando dos brasileiros mais um patrimônio. Hoje a VALE consome sozinha cerca de 5% de toda energia do Brasil, transformando um bem público como a água em mera mercadoria. Mais uma grande vaia foi oferecida em protesto a Empresa.
ÁGUA E ENERGIA, NÃO SÃO MERCADORIAS!

A terceira parada foi em frente ao escritório do Consórcio CEMIG/ VALE. Os atingidos foram incisivos em suas críticas, denunciando a falta de compromisso do Consórcio para com os municípios atingidos e com seus moradores. O Grupo empresarial não vem cumprindo as condicionantes acertadas durante a Licença de Instalação e de Operação. Entre as reivindicações está a manutenção do espelho d´água do Rio Doce que vem agonizando com a seca mesmo em tempos de chuva. Além disso, os participantes da marcha exigiram a não construção de mais uma Barragem na região agora no Rio Manhuaçu, deixando a população apenas com os prejuízos da exploração, logo após outra vai foi dada ao consórcio que fechou todas as portas e janelas, demonstrando sua falta de diálogo com os Atingidos.
TERRA SIM, BARRAGEM NÃO!


A marcha voltou ao centro da cidade, mais especificamente na Praça do Relógio onde diversas personalidades já se encontravam para lançar oficialmente o RELATÓRIO DOS DIRIETOS HUMANOS DE AIMORÉS. O evento contou com a participação de lideranças do MAB Nacional, Via Campesina, Representante da Comissão Mobilizadora da Sociedade Civil de Aimorés, Advogados, Prefeito de Aimorés e o Superintendente Regional do INCRA. Durante as falas dos participantes ficou claro a importância de se lutar pelos direitos violados das comunidades atingidas e a importância da organização da sociedade para conquista desses direitos. Prova disso foi o compromisso assumido pelo Superintende do INCRA de cadastrar as famílias acampadas em Aimorés na segunda quinzena de abril para que finalmente possam ter acesso a suas terras. Com relação ao Relatório propriamente dito foi lido alguns pontos em especial de violação dos Direitos Humanos, como o direito a protestar, o direito de permanecer na terra, o direito a informação, o direito a organização coletiva e o próprio direito de ir e vir violado recentemente no dia 14 de março com o apoio da Polícia.

Dessa forma, nós Atingidos pela Barragem de Aimorés convidamos a todos os cidadãos a conhecer o Relatório de Direitos Humanos de Aimorés e suas violações, para que a sociedade se informe, debata e participe das decisões a serem tomadas para que se faça cumprir os direitos da população.   


     
ÁGUAS PARA A VIDA E NÃO PARA A MORTE!

     
    
Aimorés, 18 de março de 2010


MOVIMENTO DOS ATINGIDOS POR BARRAGENS – MG 
www.mabnacional. org.br | (31) 9943-2787 ou (33) 9953-0570

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