Raymond  McGovern, ex-diretor da CIA, repudiou a prisão de Julian Assange e  demais perseguições ao editor de WikiLeaks, Julian Assange, em  entrevista concedida no dia 12 de dezembro de 2010, que transcrevemos  abaixo. Durante a entrevista, McGovern diz ao seu entervistador da CNN: -  Vocês deveriam seguir seu exemplo. 
O diretor da CIA atuou fornecendo informes diretos aos presidentes Reagan e Bush (pai).
McGovern  condenou o ataque ao Iraque, denunciando que Bush (filho) e Rumsfeld  justificaram o mesmo com base em informações falsas.
CNN - Por que você acha que Assange fez o certo ao liberar todos estes documentos?
Ray McGovern - Sobre a questão se ele é jornalista ou não, a prova está em sua obra. 
 Assange  é um jornalista se entendermos que estes são os que registram os atos  dos agentes do poder e os tornam públicos, de modo a que, os governados  possam estar informados do que está acontecendo.
Assange  é um jornalista se entendermos que estes são os que registram os atos  dos agentes do poder e os tornam públicos, de modo a que, os governados  possam estar informados do que está acontecendo. Thomas  Jefferson destaca que entre uma imprensa livre e o governo deve-se  escolher a primeira. Em síntese, isto é o que é necessário para a  preservação da democracia e a idéia é de que a imprensa se mantenha o  mais próximo da verdade quanto possível e não apenas anotar o que o  governo está dizendo. Isto foi o que WikiLeaks fez, para embaraço do  governo, porque muitos dos acordos governamentais são mantidos em  segredo, e não precisam ser.
CNN - Então você não gosta do rótulo de terrorista ou de hacker como o denominaram? Então ele é um jornalista?
R. M.  - Claro que ele é um jornalista, de acordo com as definições que acabo  de listar acima. Ele tornou as informações accessíveis ao povo  norte-americano e outros que são muito mal alimentados pela mídia  colaboradora, com seus repórteres que atuam mais como estenógrafos do  que como jornalistas.
CNN  - Você não acha que devia ter havido mais cuidado ao divulgar  informações que colocam pessoas em perigo e que Assange não tomou esses  cuidados? 
R. M. -  Assange forneceu todos os documentos ao Pentágono e ao Departamento de  Estado, solicitando a eliminação de referências que pudessem prejudicar  pessoas concretas - o pedido de exame redacional foi recusado e agora se  apregoa que “vidas foram colocadas em perigo”. As únicas vidas  colocadas em perigo são os soldados das tropas que foram enviadas ao  Iraque e Afeganistão, sob falsos pretextos. 
O  secretário de Defesa, Robert Gates, informou que esta questão de “vidas  colocadas em perigo” está muito exagerada. São suas palavras. Ele  acrescentou que “até o momento nenhuma fonte foi comprometida”. O  comandante das tropas dos EUA no Afeganistão informou que ninguém foi  identificado, teve sua vida colocada em perigo ou, menos ainda, foi  detido por estes documentos. Isso não impede que alguns digam isso dez  vezes ao dia. Mas dizer isso dez vezes ao dia não o torna verdadeiro.
CNN-Você acha que nós jornalistas devíamos estar elogiando e valorizando sua atitude? 
R. M. -  Com todo o respeito, vocês deveriam estar seguindo o seu exemplo.  Desvendar segredos, descobrir por que meu dinheiro de contribuinte vai  para financiar o tráfico de jovens garotos para dançar com roupas de  mulher para as forças de segurança do Afeganistão, que nós recrutamos  para tomar conta do país depois de o deixarmos. Dêem uma olhada nos  documentos e vejam as horrendas atividades que o nosso governo tem  endossado, ou os seus contratados, e depois me digam se os  norte-americanos não podem conviver com estes documentos. Eu acho que  podem sim, mas não o podem se não tiverem acesso a eles.
 
 
 
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