Colegas de profissão e de militância longa e árdua em favor da efetiva democratização e da universalização dos Meios de Comunicação no Brasil. Algumas declarações públicas do novo ministro e outros tantos rumores difundidos pelos “donos da mídia” tem provocado, mais uma vez, um gosto muito amargo em minha boca.
Afinal, assistimos muito recentemente um embate eleitoral com temas quase medievais, que foram sustentados majoritariamente por segmentos sociais retrógrados, e repercutidos e amplificados sistematicamente pelos meios, que são concessionários ou beneficiários de patrocínio do Estado. Afinal, o Brasil de hoje é um país paradoxal: democratizou significativamente nos últimos 30 anos o sistema e a cultura política, enquanto manteve os meios de comunicação como depositários e incentivadores da tradição autoritária, anti-povo e anti-nação, que produziu durante os 120 anos de República, quase duas dezenas de golpes e quarteladas militares e incontáveis ações repressivas brutais, que prosseguem sempre justificadas e impunes.
É preciso lembrar, mais uma vez, aos membros do novo governo, que regulação democrática dos meios de comunicação não é apenas programa de mandato, deve ser Política de Estado, para assegurar o Direito e as condições para construir a Cidadania e para aperfeiçoar e manter a Democracia.
Urge desengavetar a pauta pública produzida pelas Conferências Regionais e Nacional de Comunicação. Que tal utilizar o parrudo calhamaço para bater firme na porta do desavisado ministro?
Afinal, eu ando cansado de defender certos políticos que pensam que o poder é um violino: é sempre conquistado com a luta da esquerda e depois tocado integralmente com a direita. Incrível como os próceres petistas seguem cortejando os setores oligárquicos, mesmo que a mídia das oligarquias esteja sempre disposta a meter-lhes o pé nos fundilhos sem dó e piedade.
Dino Magnoni
Estado de SP, 07 de janeiro de 2011 | 19h 04
Governo Dilma enterra projeto de regulação da mídia
Após encontro com a presidente, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que há outras prioridades para serem tocadas
O governo enterrou o projeto de regulação da mídia elaborado pelo ex-ministro Franklin Martins. Após encontro com a presidente Dilma Rousseff no Planalto, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse em tom diplomático e político que há outras prioridades para serem tocadas, como o projeto de banda larga, que pretende apresentar até o final de abril. "A banda larga vai ter prioridade e premência porque vamos discutir também o plano geral de metas de universalização", afirmou.
Pela tradição de Brasília, um governo "enterra" um projeto quando não estipula prazo para envio ao Congresso nem classifica a proposta como prioridade na agenda, observam assessores. Na entrevista, Paulo Bernardo disse que é preciso um "exame detalhado" do projeto para a possibilidade de abrir uma discussão ainda no âmbito do governo.
Ele relatou que recebeu nesta semana de ex-assessores de Franklin Martins a proposta. "Preciso olhar, fazer um exame detalhado da matéria", disse. "Certamente vamos ter que olhar cada ponto. Todos sabem que tem discussões de caráter econômico, regulação entre setores, disputas", justificou. "Tem discussões relativas aos direitos dos usuários, tem questões que dizem respeito à própria democracia. Vamos examinar tudo e ver como vamos encaminhar."
Tópicos: Governo, Mídia, Regul
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