sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

É isso que os canalhas querem?

14/12/2008
'É hora de medidas de exceção'. Presidente da Vale pede suspensão das leis trabalhistas

O presidente da Vale, Roger Agnelli, defende medidas de exceção para enfrentar a crise econômica global. Agnelli tem discutido o assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem é um interlocutor privilegiado. Ele sugeriu a Lula a flexibilização temporária das leis trabalhistas, “para ganhar tempo até que a situação melhore”, e afirma que aceita abrir mão do próprio salário. Segundo ele, a proposta já foi apresentada também a alguns sindicatos.

A reportagem é de David Friedlander e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 14-12-2008.

Um dos executivos mais bem-sucedidos do País, Agnelli está no comando da Vale desde 2001. Segunda maior mineradora do mundo, a Vale tem faturamento superior a US$ 30 bilhões por ano, emprega mais de 60 mil pessoas e está presente em mais de 30 países. Observador privilegiado do cenário global, nesta entrevista Agnelli fala das dificuldades e dos planos da Vale para 2009, e brinca ao falar da própria sorte: “Eu pedi a Nossa Senhora, de quem sou devoto, e ela ajudou. Mas eu também corri muito atrás dos meus objetivos.”

Segundo Roger Agnelli, "a gente coloca uma outra turma em férias coletivas. Depois outra. A gente pode levar isso por um certo tempo, mas tem limite. O que faremos quando todo mundo já tiver tirado férias? Isso tem limite. Eu tenho de manter a empresa saudável para que possa cumprir seus compromissos. O executivo que numa hora dessas for leniente com o ajuste, deixar de fazer o que precisa ser feito, vai comprometer o futuro da empresa. Se houver problemas para os quais a gente não tenha solução, vamos ter de demitir. Olha, estamos vivendo uma situação de exceção. Para lidar com ela, precisamos tomar medidas de exceção".

E ele explica:

"Eu tenho conversado com o presidente Lula no sentido de flexibilizar um pouco as leis trabalhistas. Seria algo temporário, para ajudar a ganhar tempo enquanto essa fase difícil não passa".

E continua:

"Falei disso na semana passada, ontem falei de novo. Estamos conversando com os sindicatos também. O governo e os sindicatos precisam se convencer da necessidade de flexibilizar um pouco as leis trabalhistas: suspensão de contrato de trabalho, redução da jornada com redução de salário, coisas assim, em caráter temporário".

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