terça-feira, 25 de agosto de 2009

Banco do Sul fica para depois

A criação do Banco do Sul foi congelada por falta de capacidade de seus sete sócios de aportar o capital inicial, de US$ 7 bilhões. Mesmo com a conclusão das negociações do estatuto da nova instituição, no primeiro semestre, sua formalização foi providencialmente excluída da agenda da 3ª Reunião de Cúpula da União de Nações Sul-americanas (Unasul) que se deu em Quito, na última segunda-feira.

A reportagem é de Denise Chrispim Marin e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 17-08-2009.

O Banco do Sul tornou-se apenas uma menção adicional entre os novos e controvertidos objetivos propostos pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para a montagem de uma arquitetura financeira na América do Sul. Não há expectativa de quando o projeto será assinado pelos chefes de Estado e posto em marcha.

Entre as novas sugestões de Chávez estão a "construção de um fundo de reserva comum", que seria alimentado por parcelas das reservas internacionais de cada país, e a adoção de um sistema de compensação monetária, tendo como exemplo a experiência da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba) de criar uma moeda comum, o Sucre. Ambos os objetivos se chocaram com os propósitos do Ministério da Fazenda e das equipes econômicas de outros países. Mas acabaram diplomaticamente acomodados no tópico 24 da Declaração de Quito.

O texto assinado pelos chefes de Estado instrui os ministros da Fazenda a acolher as conclusões do Grupo de Trabalho de Integração Financeira, que vai discutir as sugestões venezuelanas ao longo deste semestre. Também ressalta o "caráter flexível e voluntário da participação dos países da Unasul" nas iniciativas financeiras que venham a ser concretizadas.

O empenho do Brasil, se depender exclusivamente da Fazenda, será quase nulo. Para a equipe econômica, melhores apostas estariam na ampliação dos acordos bilaterais para a adoção do Sistema de Comércio em Moeda Local (SML) - o ponto de partida para a criação de uma futura moeda comum para a região, centrada no Real - e na discussão com os vizinhos sobre uma normatização comum para os mercados de capitais. O governo brasileiro resistiu inicialmente ao Banco do Sul, mas acabou negociando a criação dessa instituição proposta por Chávez.

Chávez não controla a Unasul, diz Bachelet

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, assegurou ontem que a Unasul não se converterá em um instrumento do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. "São 12 países com distintas percepções e se trata de unir forças para alcançar os objetivos comuns", afirmou em entrevista publicada ontem no jornal El Mercurio. Bachelet defendeu ainda o aprofundamento da integração entre os países sul-americanos por meio de novos acordos multilaterais. O próximo encontro da organização será no sul da Argentina, no dia 28.

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Postado por Pedro Otoni no Agência de Notícias Brigadista em 8/24/2009 06:15:00 AM

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