domingo, 9 de agosto de 2009

Honduras: Dez famílias financiaram o golpe de Estado de Roberto Micheletti

GOLPE EM HONDURAS Aug 05
Nome aos gorilas!

De acordo com a pesquisadora da Universidade Nacional de Honduras, Leticia Salomón,dez famílias financiaram o golpe de Estado de Roberto Micheletti que já dura mais de um mês no país. O grupo foi liderado por Carlos Roberto Facussé, ex-presidente de Honduras (1988-2002) e dono de vários jornais e canais de televisão. Com ele, planejaram o golpe as famílias que monopolizam o setor bancário e da agroindústria, através do Grupo Continental, que também controla outros jornais e canais de TV; o financista Camilo Atala, o madereiro José Lamas, o empresário energético Fredy Násser, Jacobo Kattán, o industrial açucareiro Guillermo Lippman e o construtor Rafael Flores. Juntas, estas famílias controlam 90% da riqueza produzida pelo país centro-americano e são diretamente responsáveis pelas violações de direitos humanos e cerceamento da liberdade de expressão.

Nesta terça-feira, o governo de fato decidiu fechar a Rádio Globo, de cobertura em todo o país, que critica o golpe e denuncia as violações de direitos humanos. Desde o início, suas intalações foram militarizadas e seus jornalistas e funcionários ameaçados. Protestos diários de milhares de manifestantes são realizados contra o golpe, recebendo uma brutal repressão. Na última quinta-feira, uma pessoa foi baleada na cabeça, 25 ficaram feridas e 88 foram presas numa manifestação que reuniu 2000 pessoas contra Micheletti. De acordo com Salvador Zúñiga, do COPINH (Consejo Cívico de Organizaciones Populares e Indígenas de Honduras), se chega a encarcerar trezentas pessoas diariamente, lotando as delegacias e mesmo transformando estádios em prisões. Também há esquadrões da morte, que sequestram manifestantes, os torturam e os matam. O golpe militar em Honduras aconteceu no dia em que se realizaria uma consulta popular sobre, entre outros pontos, a futura eleição de uma Assembléia para reformar a constituição hondurenha.

Manuel Zelaya, o presidente deposto, permanece exilado e efetuou diversas tentativas de retornar ao país, sempre impedida militarmente pelo exército hondurenho. No último dia 27, Zelaya tentou cruzar a fronteira da Nicarágua em direção a Honduras, com o apoio de hondurenhos que foram até lá recebê-lo. Entretanto, a repressão do exército os obrigou a se refugiarem nas montanhas, tendo ainda muitas pessoas sido feridas e presas. Zelaya não pôde atravessar a fronteira e continua em negociações na tentativa de voltar ao país.

Nenhum país do mundo reconheceu o governo golpista de Roberto Michelleti. Governos da América Latina como da Nicarágua, Venezuela e Bolívia tem condenado enfaticamente o golpe. Movimentos sociais hondurenhos e internacionais e também pesquisadores denunciam a presença de interesses econômicos norte-americanos - ligados inclusive ao grupo do ex-presidente George W.Bush e ex-vice Dick Cheney - na região. De fato, apesar da condenação formal ao golpe, o governo de Barack Obama pouco tem feito de efetivo para colaborar a reverter a situação, além de, até hoje, infrutíferas tentativas de negociação tendo como mediador o presidente da Costa Rica. A Organização dos Estados Americanos (OEA) informou que enviará esta semana uma missão a Honduras com o fim de restabelecer a ordem constitucional no país levando novamente a proposta do Acordo de San José, recusada pelo governo de Micheletti no início das negociações logo após o golpe.

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