terça-feira, 18 de agosto de 2009

O que a Imprensa nao divulga - Noticias de Honduras


BRASILEIROS EM HONDURAS

COMUNICADO 2

Hoje, 11 de agosto, Honduras foi palco de grandes manifestações
populares. Diversos movimentos, partidos e organizações da Frente
Nacional de Luta Contra o Golpe de Estado deram continuidade às lutas
que tiveram início em 28 de junho, quando foi deposto o presidente
Manuel Zelaya.

Milhares de trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade se
uniram numa mobilização que reuniu cerca de 50 mil pessoas na capital,
Tegucigalpa. Estavam presentes camponeses/trabalhadores rurais da Via
Campesina, membros da Confederação Nacional Indígena-COPIN, diversos
setores do movimento operário-sindical (com destaque para os
professores que mantêm uma greve por tempo indeterminado), Federação
Universitária Revolucionária-FUR e outros setores do movimento
estudantil, Frente dos Advogados Contra o Golpe, Feministas Contra o
Golpe, setores do Partido Liberal, setores da igreja católica, Igreja
Luterana, parlamentares e militantes do Partido da Unificação
Democrática – UD, do Movimento Nova Democracia e inúmeras outras
entidades dos movimentos social-operário-popular-

estudantil.

As diversas marchas foram se encontrando num local muito próximo da
Casa Presidencial. Falaram as delegações internacionalistas do Brasil,
da Argentina e dos EUA. A concentração durou 5 horas, aguardando os
companheiros e companheiras que vinham de várias regiões do interior
do país. Enquanto isso, milhares também se concentravam em San Pedro
de Sula.

Durante a marcha até Tegucigalpa foram acontecendo manifestações
locais, fechamento de rodovias, etc.

Quando uma das últimas das marchas chegou, centenas foram se dirigindo
até o Boulevard João Paulo II, avenida da Casa Presidencial, e a
Frente convocou o povo para se dirigir até lá.

Enquanto se avaliava qual seria o rumo da marcha, que agora já contava
com muita gente, a situação ficava tensa por causa do crescimento do
número de soldados, da polícia e do exército. As ruas em torno da Casa
Presidencial foram fechadas para pessoas e veículos. Batalhões de
Choque e atiradores da polícia e do exército se posicionavam enquanto
o povo gritava “Nos tienen miedo porque no tenemos medo”.

Diversos companheiros e companheiras reconhecem que o nível de
consciência política e de organização das massas se elevou neste
último período (pós-28/06), mas que ainda é insuficiente para impor
uma esmagadora derrota no projeto golpista.

A esposa e a filha de Zelaya também falaram nos atos.

Existe um esforço em se organizar, e a Comissão de Disciplina do ato
identificou infiltrados que, a pé e de moto, acompanhavam as marchas.
Logo foram tomadas as medidas necessárias.

A marcha foi impedida de se aproximar da Casa Presidencial, e aí
viveu-se um momento de impasse. A polícia iniciou uma negociação para
que ocupássemos uma faixa da avenida e seguíssemos por uma rua próxima
da Casa, mas o exército foi contra e mandou mais soldados para
fortalecer a barreira criada pelas forças da repressão.

A avaliação foi que era preciso evitar um confronto desnecessário
naquele momento. Foi dada orientação para não confrontar com as tropas
e seguir em caminhada até a Universidade Pedagógica, onde todos
ficariam alojados. No caminho um grupo de policiais atirou, segundo
militantes que testemunharam o fato, num jovem militante. Então
setores do povo reagiram com ações contra estabelecimentos comerciais
de propriedade de empresários golpistas e um ônibus. A polícia
aproveitou para desencadear a repressão disparando contra o povo. O
resultado foi aproximadamente 50 presos. Não temos ainda o número
total de feridos. Neste momento, advogados e membros da Frente estão
tentando libertar os companheiros. Em resposta à grande mobilização de
hoje, o governo anunciou às 19h00 o retorno do toque de recolher das
22h00-05h00, podendo ampliar o mesmo caso considere necessário.

Lembramos que no dia que o presidente Manuel Zelaya tentou entrar no
país pela fronteira com a Nicarágua o governo estendeu o toque de
recolher até ás 12h00, para impedir o povo de se encontrar com ele, e
houve muitos conflitos.

O bloqueio midiático é total, mas a consciência do povo está
despertando no dia-a-dia das lutas.

Fortalecer as marchas e mobilizações, fortalecer a unidade na Frente,
defender em qualquer situação uma Assembléia Constituinte, parecem ser
essas as tarefas principais desse momento.

Tegucigalpa, 11 de agosto de 2009

Amauri Soares - Deputado Estadual (SC)

Ivan Pinheiro - Secretário Geral do PCB

Marcelo Buzetto - Dirigente Nacional do MST

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Um outro mundo é possível. Um outro Brasil é necessário!

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