quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Aécio Neves: o novo bilionário






Sem renda oficial suficiente, Aécio compra, por R$ 12 milhões,
apartamento que pertenceu a seu avô Tancredo - 17/08/2009





Governador Aécio Neves

Ex-assessor de Tancredo se assusta ao folhear relatório sobre o
crescimento patrimonial do atual governador de Minas Gerais e afirma:
“Quem diria, aquele jovem vindo do Rio de Janeiro, após a eleição de seu
avô ao governo de Minas em 1982, trazendo em sua mochila bermudas e
camisetas. Seu primeiro terno foi comprado pronto na Mesbla, com
recursos de seu avô”.

Esta realidade assusta não só aos ex-assessores de Tancredo, mas a todos
que conhecem a história de Aécio Neves.

Jamais exerceu qualquer atividade empresarial, comercial ou industrial.
Desde 1983 exerceu apenas cargo público, ou seja, recebeu salário,
primeiro no governo de Minas como assessor de seu avô, depois diretor de
loterias na Caixa Econômica Federal e deputado federal por quatro
mandatos, até ser governador de Minas.

Em 2006, após seu primeiro mandato de governador, seu patrimônio já
gerava desconfiança. Porém, o crescimento após 2006 ultrapassa qualquer
explicação. A não ser que o governador tenha ganhado três prêmios
acumulados da mega-sena sozinho.

Aécio Neves, então candidato a governador de Minas em 2006, declarou ao
TRE/MG um patrimônio total de R$ 831.800,53. Apenas três anos depois de
eleito para o segundo mandato, o governador mineiro, apenas em uma
aquisição, conseguiu ampliar 50 vezes seu patrimônio imobiliário,
adquirindo a participação de todos os herdeiros de seu avô Tancredo no
luxuoso apartamento situado em Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro.
O total pago foi de R$ 12 milhões, à vista.

Há um farto folclore sobre a suposta vocação dos mineiros para serem
econômicos e demonstrarem conservadorismo na administração do dinheiro.
É bastante provável que a fama seja inteiramente injusta, mas a
declaração de bens do governador de Minas bem que dá asas à ideia de
que, “uai, tem mineiro guardando dinheiro no colchão, sô”.

O economista Aécio Neves, 49 anos, informou à Justiça Eleitoral em 2006
que possuía em espécie R$ 150 mil. Declarou ainda um apartamento na
cobiçadíssima Avenida Epitácio Pessoa, no bairro carioca de Ipanema, que
apareceu na declaração de bens de Aécio com o preço de R$ 109,55 mil.

Ele não discrimina o número de dormitórios que tem o imóvel, mas uma
rápida pesquisa em classificados de jornal mostra que o dinheiro é pouco
até mesmo para comprar um “quarto/sala” por ali.

O fato pode ter a ver com um hábito dos políticos. Eles costumam
utilizar nas informações prestadas à Justiça Eleitoral os valores dos
imóveis constantes das declarações de Imposto de Renda.

Nessas, o contribuinte é impedido de atualizar o valor do bem à luz dos
preços de mercado porque o esfomeado Leão quer aumentar ao máximo a
possibilidade de morder ganhos de capital elevados, aumentando
artificialmente o lucro obtido pela eventual venda do imóvel. Em tese, à
Justiça Eleitoral, o candidato deveria informar o valor real do bem.

Além do apartamento de seu avô, outros imóveis foram adquiridos no
litoral, principalmente em Angra dos Reis. Em Angra, o preço dos imóveis
ultrapassa o valor pago no apartamento de seu avô.

Até mesmo dois imóveis no exterior seriam de propriedade do governador
mineiro. A maioria dos imóveis encontra-se registrado em nome de
empresas, desta forma, o nome do governador não aparece.

No contrato social também consta como sócia outra pessoa jurídica, uma
empresa de “participação”. Entretanto, a maior parte do patrimônio do
governador de Minas está em nome de empresas registradas em paraísos
fiscais e em fundos internacionais, como ficou provado na investigação
realizada pela Polícia Federal nos fundos administrados pelo Banco
Opportunity, de Daniel Dantas.

Nestas investigações, diversas remessas realizadas desde 2003 por
doleiros da Construtora Andrade Gutierrez e Camargo Correia foram
identificadas como sendo para Aécio. Estes dados já se encontram em
poder do Ministério Público e Receita Federal.

Evidente que o governador mineiro encontra-se no grupo de brasileiros
que estão “acima da lei”, a exemplo do senador José Sarney. Desta
maneira, membros da Receita Federal entendem que dificilmente ele será
punido.

Na verdade, após a redemocratização do País, estes “senhores”
organizaram o novo cenário de poder no Executivo, Legislativo e
Judiciário. As Cortes superiores de Justiça têm quase a totalidade de
sua composição por indicação do presidente da República.

“De 1985 até hoje, no STJ e STF já se renovou desta forma uma aliança
entre Sarney, Collor, Fernando Henrique, Itamar e Lula representa uma
ameaça para independência e estabilidade do sistema judicial”, afirma um
ex-ministro do Supremo Tribunal Federal.

Políticos próximos de Lula informam que a recente posição de Aécio e de
seu “escudeiro” Itamar Franco contra o Governo Federal é em retaliação
às investigações feitas pela Receita Federal.

Senador do PSOL espera a presença da ex-secretária da Receita Federal,
Lina Vieira, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado para
indagar a respeito da pressão feita por Dilma Rousseff em relação à
investigação de Aécio.

Outra questão que está sendo apurada é a participação do governador
junto com o deputado Nárcio Rodrigues (PSDB) e o presidente da
Assembleia Legislativa mineira, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), no
mineroduto de 525 km de extensão para transportar o minério de ferro do
sistema Minas-Rio, saindo de Conceição de Mato Dentro (MG) e chegando ao
Porto de Açu, no Rio de Janeiro.

Obra que inclusive está para ser suspensa pelo Ministério Público
Federal por irregularidades.

A participação do governador mineiro no setor elétrico seria também
através de uma empresa. No inquérito, assusta a omissão da Codemig em
relação aos pedidos da empresa de Daniel Dantas para pesquisa e
exploração de jazidas minerais que pertencem à empresa mineira.

As investigações comprovam ainda que a diferença entre o valor declarado
como da venda de nióbio de Araxá e o realmente recebido no exterior é
escandaloso e estaria sendo administrado por um fundo pertencente ao
Unibanco no exterior, que, por sua vez, vem aportando recursos no fundo
que coincidentemente Aécio tem cotas.

Embora publicamente demonstre pouca amizade, Aécio é amigo desde a
infância do proprietário do Unibanco, pois no mesmo prédio (apartamento
adquirido por Aécio recentemente) sempre morou Walther Moreira Salles e
seu avô Tancredo Neves.

Um dos procuradores da República encarregados das apurações foi
procurado e nada quis afirmar, apenas advertiu ao *Novojornal*: “Relatar
a totalidade do patrimônio de Aécio Neves antes da apresentação da
denúncia seria trazer descrédito para o caso”.

O procurador tem razão, o crescimento patrimonial de Aécio realmente
assustará, principalmente aos mineiros. Embora o enriquecimento de
governadores de Minas Gerais após o término do período militar tornou-se
natural.

Basta ver o patrimônio de Hélio Garcia e Newton Cardoso. Pouco visível
fica o patrimônio de Itamar e Azeredo, que sempre utilizaram
“intermediários” para tratar desses assuntos.

A assessoria de imprensa do governador foi consultada, mas não retornou
à reportagem.


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Postado por Pedro Otoni no Agência de Notícias Brigadista em 8/18/2009 02:43:00 PM

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